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O que é um filme noir?

Aprenda a identificar um filme noir - histórias cheias de suspense e traição, com um estilo visual e narrativo que marcou as décadas de 40 e 50

Por Danilo Cezar Cabral
Atualizado em 22 fev 2024, 10h14 - Publicado em 16 Maio 2017, 14h34

Até hoje os especialistas não chegaram a um consenso se o noir é um gênero (como drama, comédia, suspense) ou um estilo de filmagem. A classificação foi cunhada em 1946 pelo crítico francês Nino Frank para se referir a um tipo de longa-metragem de suspense que estava em voga nos anos 1940, com ambientação urbana, temática criminal e anti-heróis.

O visual costumava ter fortes influências da corrente cinematográfica conhecida como expressionismo alemão e da técnica de claro/escuro do pintor barroco Caravaggio (daí a escolha do termo “noir“, que significa “preto” em francês). Porém, esse termo (e o prestígio dos filmes noir) só se consolidou na década de 1970. Especialistas classificam como noir mais de 300 títulos produzidos entre 1940 e 1958.

 

filme noir
(Alberto Rocha/Mundo Estranho)

1) CADA FALA É UM TIRO

Os roteiros costumavam ter alguns “vícios”. Os diálogos eram rápidos, com frases precisas e incisivas. Ao mesmo tempo, permitiam a citação de passagens poéticas ou dramáticas. Flashbacks, como os de Fuga do Passado (1947), eram frequentes, ajudando a caracterizar personagens assombrados pelo que fizeram ou a provar que o presente não é bem o que parece ser.

 

2) DARKÓPOLIS

As tramas tinham um forte componente urbano e adoravam mostrar a cidade como um lugar opressor, perigoso e capaz de corromper os homens de bem – vide Fúria Sanguinária (1949). Cenas à noite e chuvosas reforçavam a ideia. Problemas sociais eram temas recorrentes – as histórias eram recheadas de crimes, investigações policiais, figuras marginalizadas, álcool e cigarro.

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3) DO BEM OU DO MAL?

Os protagonistas costumam ter objetivos dúbios, cínicos e até cruéis. O herói nem sempre salva e, às vezes, é até violento. A suposta vítima não é tão indefesa. E o interesse amoroso pode ser a vilã da trama. São as famosas “femme fatales” (“mulheres fatais”, em francês), que abusam da sensualidade para manipular os homens, como Rita Hayworth em Gilda (1946).

 

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4) PRETO NO BRANCO

Outra característica era a iluminação de três pontos. Havia uma fonte de luz para estabelecer o escuro (sombras), outra para o claro (contraste com o negro) e outra para criar um gradiente de cinza, regulada para criar a “atmosfera” da cena. Com frequência, os personagens eram banhados por longas sombras lineares, projetadas de barras da prisão, escadas ou venezianas nas janelas.

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5) UMA AULA DE CINEMA

Em seu auge, nos anos 40, o noir era considerado um subgênero menor, sensacionalista. Ainda assim, vários clássicos surgiram nessa época, como O Falcão Maltês (1941), Pacto de Sangue (1944), À Beira do Abismo (1946), Crepúsculo dos Deuses (1950) e A Marca da Maldade (1958), reunindo talentos como o astro Humphrey Bogart e os diretores Orson Welles e Billy Wilder.

 

6) DESEQUILIBRADO

O clima perturbador era reforçado com truques visuais, como os enquadramentos inusitados. Muitas vezes, eles eram “inclinados” (o chamado “ângulo holandês”). Nas cenas mais abertas, a composição dos elementos era assimétrica (uma herança do expressionismo alemão, bem aproveitada em A Morte num Beijo, de 1955). Já os close-ups eram bem fechados, intensos e desalinhados.

 

 

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VERSÕES MODERNAS
Os “neo noir” ganharam força a partir da Guerra Fria. Confira 10 boas sugestões:

  • Sob o Domínio do Mal (1962)
  • Chinatown (1974)
  • Taxi Driver (1976)
  • Blade Runner: O Caçador de Androides (1982)
  • Instinto Selvagem (1992)
  • Seven – Os Sete Crimes Capitais (1995)
  • Los Angeles – Cidade Proibida (1997)
  • Amnésia (2000)
  • Sin City – Cidade do Pecado (2005)
  • Drive (2011)

 

FONTES Livros The Film Noir Encyclopedia, de Alain Silver, The Dark Side of the Screen: Film Noir, de Foster Hirsch, Into the Dark (Turner Classic Movies): The Hidden World of Film Noir, 1941-1950, de Mark A. Vieira; documentário Film Noir: Bringing Darkness to Light (2011)

 

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