É verdade que todo marisco é macho ao nascer?
Não. Essa lenda provavelmente surgiu por causa do maluco comportamento sexual de parte desses moluscos, que podem, sim, trocar de sexo. “Porém, a maioria das quase 20 mil espécies de mariscos bivalves é constituída de indivíduos de sexos separados. Isto é: do nascimento à morte têm um único sexo, masculino ou feminino”, diz o biólogo […]
Não. Essa lenda provavelmente surgiu por causa do maluco comportamento sexual de parte desses moluscos, que podem, sim, trocar de sexo. “Porém, a maioria das quase 20 mil espécies de mariscos bivalves é constituída de indivíduos de sexos separados. Isto é: do nascimento à morte têm um único sexo, masculino ou feminino”, diz o biólogo Osmar Domaneschi, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP). Mas algumas espécies são hermafroditas, o que faz com que seus indivíduos possuam, ao mesmo tempo, os aparelhos reprodutores masculino e feminino. Entre esses animais, classificados em quatro diferentes grupos, observam-se, de fato, alguns mariscos trocando de sexo durante a vida. “Fatores genéticos e hormonais, a proporção de machos e fêmeas na população e fatores ambientais, como abundância de alimento, determinam o comportamento sexual entre as espécies hermafroditas”, afirma Domaneschi. Em tempo: o termo marisco é um nome genérico usado para designar animais de diversos grupos de invertebrados marinhos comestíveis, como mexilhões, ostras e berbigões.
Será que ele é?
Algumas espécies desses moluscos trocam de sexo durante a vida toda
Turma do eu sozinho
Algumas espécies de mariscos, como a Nodipecten nodosus e a Argopecten irradians, produzem, ao mesmo tempo e por toda a vida, gametas masculinos e femininos. Assim, cada indivíduo pode se autofecundar, sem a necessidade de ter um parceiro. Esse tipo de comportamento sexual é chamado de hermafroditismo funcional ou ambissexualidade
Chance única
Já espécies como a Montacuta ferruginosa trocam de sexo durante a vida. O mais comum é os jovens mariscos iniciarem a vida sexual como machos e, à medida que envelhecem, tornarem-se fêmeas. Mas, depois da troca, não tem volta: o órgão feminino atuará para sempre. Essa característica recebe o nome de hermafroditismo ou sexualidade consecutiva
Troca-troca liberado
Os casos mais estranhos, porém, são os das espécies que trocam de sexo várias vezes. Algumas ostras do gênero Ostrea mudam de “idéia” a cada ciclo reprodutivo: parte dos indivíduos atua como machos, parte como fêmeas é o chamado hermafroditismo rítmico consecutivo. Outras espécies, como a Crassostrea rhizophorea, também vivem trocando de sexo, mas sem ter uma regularidade definida (hermafroditismo alternado)