De Gutenberg ao celular: a leitura está cada vez mais popular
O que o criador da prensa tipográfica e um smartphone têm em comum?
Quando o alemão Johannes Gutenberg criou a impressão tipográfica, no século 15, ele sabia que estava resolvendo um problemão para a humanidade: como reproduzir textos e livros em massa. Até então, o trabalho de copiar era feito por monges em conventos que, com muita paciência, escreviam à mão cada letra de cada página. Gutenberg esperava que o conhecimento sobre diversos assuntos se disseminasse de uma forma mais rápida – e, por consequência, mais acessível – se os livros pudessem ser reproduzidos em maior quantidade. O que ele provavelmente não imaginava é o quanto sua invenção avançaria e transformaria o mundo.
Livros, documentos, estudos, revistas, histórias em quadrinhos. Hoje, só no Brasil, somos mais de 104,7 milhões de leitores, segundo a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada por Ibope e Instituto Pró-Livro. Entre 2011 e 2015, o número de pessoas que leem no país aumentou seis pontos percentuais.
A pesquisa também aponta outro dado que Gutenberg jamais sonharia: 26% dos entrevistados já leram um livro digital, sendo que o smartphone é o dispositivo de leitura mais utilizado por esse grupo. Considerando que, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV), os celulares são a principal forma de acesso à internet para o usuário doméstico no Brasil, essa informação não chega a nos surpreender.
E muito menos as empresas do mercado editorial, que estão de olho nessa popularização. O segmento de e-publishing, que é composto por livros, revistas e jornais digitais, vai crescer cerca de 10% ao ano nos próximos anos, de acordo com dados do instituto Statista. Isso significa que as páginas em pixel vão gerar mais de 700 milhões de reais no Brasil na próxima década.
Engana-se quem pensa que esse é um nicho de produtoras de conteúdo independentes. Pelo contrário, até os maiores nomes do mercado editorial estão trabalhando para conquistar espaço nas telinhas do país.
O Grupo Abril, que edita MUNDO ESTRANHO, lançou em outubro o Go Read, plataforma de assinatura de revistas digitais que já conta com mais de 100 títulos disponíveis para leitura. Todo o catálogo é oferecido ao usuário mediante pagamento de uma mensalidade única e as revistas podem ser acessadas por meio de um aplicativo. Essa estratégia já é velha conhecida de quem consome conteúdo digital – afinal, é a mesma utilizada por plataformas de streaming de filmes e séries.
Aplicativos de leitura digital em celulares podem até não ser o que Gutenberg imaginava quando ajudou a criar a imprensa lá atrás, mas, sem dúvida, estão tornando a leitura cada vez mais popular.