O lance dessa galera era ser contra o “sistema” – a sociedade branca de classe média que pregava o apego aos bens materiais. Baseados nos princípios da não-violência e da cooperação, os hippies mais tradicionais costumavam viver em grupos. O centro do movimento foi a cidade americana de São Francisco, na Califórnia. Por lá, os hippies alugavam casarões antigos, onde moravam até 30 pessoas (se liga na ilustração ao lado). Eles faziam jus ao lema “sexo, drogas e rockn roll”, mas, ao contrário do que se pensa, também trabalhavam e tinham hábitos de higiene normais. A expressão “hippie” deriva da gíria americana “hip”, que significa “bacana, antenado” e era usada pelos antecessores dos hippies, os beats ( intelectuais rebeldes dos anos 1950), para indicar coisas legais. Bebendo dessa influência, professores e alunos de universidades da Califórnia fundaram o movimento hippie no começo dos anos 1960. Lutando contra a Guerra do Vietnã (1954-1975) e a convocação obrigatória, seus ideais pacifistas se espalharam pelo mundo ocidental e foram fundamentais no desenvolvimento da chamada contracultura – forma de expressão que combatia os valores do capitalismo. O maior canal do movimento foi a música. Roqueiros como Jimi Hendrix, Janis Joplin e os Beatles aderiram ao “paz e amor” e ao experimentalismo psicodélico nas letras e sons. Com o fim da Guerra do Vietnã, em 1975, o movimento passou por uma desmobilização – afinal, o grande motor da união pacifista acabara. Se as “sociedades alternativas” de São Francisco foram desmontadas, os ideais hippies influenciaram outros grupos que surgiram nos anos 1980 e 1990, como os movimentos ecológicos, de defesa dos direitos indígenas e femininos.
ARTESÃO MODERNO
Os hippies preferiam fazer trocas entre si a usar grana. Eles evitavam empregos “normais” e se sustentavam fazendo artesanato. Alguns criaram fabriquetas de instrumentos musicais e produtos alimentícios que depois viraram grandes indústrias
ROCK NA VEIA
Muitas comunidades tinham suas próprias bandas, que tocavam de graça nas ruas. Os hippies são associados aos grupos de rock psicodélico, mas também havia os conjuntos de música folk, um gênero mais acústico, com letras de protesto
SAUDOSA MALOCA
Por ter pouca grana, eles viviam em casas de aluguel barato ou abandonadas, que redecoravam com murais psicodélicos. Em cidades como Nova York e São Francisco surgiram “guetos hippies”, com vizinhanças formadas por casarões habitados por muita gente
MISTICISMO NO AR
Drogas sintéticas, como LSD e mescalina, eram usadas em experiências místico-religiosas, as chamadas “viagens coletivas”. Esses rituais eram conduzidos por um guru (líder espiritual) e incluíam meditação oriental para atingir a “expansão da consciência”
VALE TUDO
Os hippies pregavam a liberdade sexual: topavam “festinhas” com mais de dois parceiros e aceitavam o homossexualismo numa boa. Nas comunidades, crianças eram incentivadas a descobrir o mundo por si próprias e raramente eram matriculadas em escolas
BANHO DE ESPUMA
Apesar dos cabelos compridos e desgrenhados, os hippies não eram “porcos”. Tomar banho uma vez por dia era o mais comum. Eles só não eram chegados a desodorantes ou perfumes, considerados produtos supérfluos da sociedade de consumo
RANGO NATUREBA
Eles rejeitavam comidas industrializadas, preferindo frutas, verduras, legumes e sucos naturais. As comunidades rurais plantavam o que consumiam. O que sobrava era vendido a preço de custo para outros hippies
NUVEM DE FUMAÇA
Os hippies usavam dois tipos de drogas. As consideradas “leves”, como maconha e haxixe, eram consumidas em festinhas ou reuniões. Algumas comunidades improvisavam pequenas plantações em armários para garantir seu “estoque”