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Como surgiu o samba?

Por Gabriela Portilho
Atualizado em 22 fev 2024, 11h36 - Publicado em 4 mar 2009, 15h39

O samba nasceu na Bahia, no século 19, da mistura de ritmos africanos. Mas foi no Rio de Janeiro que ele criou raízes e se desenvolveu, mesmo sendo perseguido. Durante a década de 1920, por exemplo, quem fosse pego dançando ou cantando samba corria um grande risco de ir batucar atrás das grades. Isso porque o samba era ligado à cultura negra, que era malvista na época. Só mais tarde é que ele passou a ser encarado como um símbolo nacional, principalmente no início dos anos 40, durante o governo de Getúlio Vargas. Nessa música brasileiríssima, a harmonia é feita pelos instrumentos de corda, como o cavaquinho e o violão. Já o ritmo é dado, por exemplo, pelo surdo ou pelo pandeiro. Com o passar do tempo, outros instrumentos, como flauta, piano e saxofone, também foram incorporados, dando origem a novos estilos de samba. “À medida que o samba evoluiu, ele ganhou novos sotaques, novos modos de ser tocado e cantado. É isso que faz dele um dos ritmos mais ricos do mundo”, afirma o músico Eduardo Gudin. : – )

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DA RODA AO PAGODE

Por volta dos anos 30, diferentes estilos de samba surgiram no Rio de Janeiro

SAMBA-DE-RODA

Muito parecido com a roda de capoeira, é a raiz do samba brasileiro e está registrado na Unesco como patrimônio da humanidade. Surgiu entre os escravos na Bahia por volta de 1860 e logo desembarcou também no Rio de Janeiro. O samba-de-roda, como a dança, começa devagar e se torna cada vez mais forte e cadenciado – sempre acompanhado por um coro para repetir o refrão. Várias canções do estilo têm versos sobre o mar e as tradições africanas.

“AVÔ” DO RECO-RECO

Além de batuques na palma das mãos, os escravos batiam um garfo num prato, obtendo um som semelhante ao do reco-reco – instrumento que dá força ao samba.

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SAMBA DE BREQUE

Um dos primeiros estilos nascidos no Rio, foi criado no final dos anos 20 em botecos da cidade. No meio do samba rolavam “paradinhas” onde o cantor falava uma frase ou contava uma história. Um dos mestres foi Moreira da Silva. O ritmo é mais picadinho – ou “sincopado”, como dizem os músicos -, mas a marca registrada é mesmo a parada repentina. Daí o nome “samba de breque”. Quase sempre conta uma história engraçada, de um tiroteio entre malandros à história de um gago que se apaixonou…

FLAUTA

O samba de breque foi o primeiro estilo a incorporar a flauta como instrumento de samba. Ela ajuda a deixar o ritmo mais orquestrado.

PARTIDO-ALTO

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Na década de 1930, o partido-alto se popularizou nos morros cariocas. Entre um refrão e outro, os músicos criavam versos na hora, quase como repentistas. As antigas festas de partido-alto chegavam a durar dias! A partir dos anos 70, Martinho da Vila virou um músico marcante do estilo. A principal característica é a improvisação. O partido-alto se mantém, principalmente, pelo jogo de palavras encaixadas no momento certo. O estilo trata de temas do cotidiano, e sempre com o maior bom humor.

SURDO

O surdo entrou de vez na roda com o partido-alto. Tocado com a mão ou com a baqueta, ele define a pulsação da música. É o “coração do samba”.

SAMBA-ENREDO

Na década de 1930, quando surgiram os primeiros desfiles de escolas de samba no Carnaval do Rio, nasceu o samba-enredo. No início, os músicos improvisavam dois sambas diferentes: um para a ida e outro para a volta na avenida onde as escolas desfilavam. Com o passar dos anos, o samba-enredo ganhou uma batida mais acelerada que outros sambas – o que ajuda as escolas a desfilarem no tempo previsto. A partir dos anos 80 a coisa mudou, mas, até então, samba-enredo só abordava a história oficial do Brasil.

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CUÍCA

Com o som de uma “voz grunhindo”, foi uma das novidades das baterias das escolas. A função da cuíca é mais complementar, dando um tempero extra ao samba.

SAMBA-CANÇÃO

Outra cria dos botecos cariocas, o samba-canção apareceu na virada dos anos 30 para os 40. Logo ficou famoso como “samba de fossa”, perfeito para ouvir após um pé na bunda… Cartola e Noel Rosa fizeram grandes músicas do estilo. A batida mais lenta e cadenciada do samba-canção lembra bastante o bolero, outro ritmo musical que fazia sucesso nos anos 40. Em geral, as canções falam de desilusão amorosa – de amores não correspondidos às piores traições!

PANDEIRO

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Desde a origem do samba o pandeiro estava presente, mas no samba-canção ele ganhou mais importância, marcando o ritmo da música no lugar do surdo.

BOSSA NOVA

Cansados da fossa do samba-canção, alguns compositores decidiram fazer músicas sobre temas mais leves no final dos anos 50. Nascia a bossa nova. Mestres como Tom Jobim e João Gilberto faziam um samba bem diferente, com grande influência do jazz. Com construções musicais mais “complexas”, a bossa nova tem o chamado “violão gago”, tocado num ritmo diferente do da voz e dos outros instrumentos. O assunto preferido eram as belezas da vida, da praia às mulheres, é claro!

VIOLÃO

O símbolo da bossa nova foi mesmo o violão -além do banquinho… Usado em quase todos os estilos de samba, é um dos responsáveis pela melodia e harmonia da música.

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PAGODE

O pagode que hoje faz sucesso pintou como estilo de samba na década de 1980, no Rio, com cantores como Jorge Aragão e Zeca Pagodinho. Nos anos 90, em São Paulo, ficou mais “comercial” – com direito até a coreografia dos músicos – e explodiu nas rádios. O pagode dos anos 80 era muito influenciado pelo partido-alto. Já na década seguinte passou a ter uma pegada mais lenta e romântica. Nos anos 80, o principal era a vida na comunidade; nos 90, as letras românticas.

TECLADO

Nos hits mais modernos, entraram na dança instrumentos eletrônicos, como teclados e sintetizadores – para desgosto dos sambistas mais tradicionais…

COMPLETANDO A BATERIA

Conheça outros instrumentos importantes para um bom batuque

TANTÃ

Mais fino que o surdo, também marca o ritmo. Em geral, é tocado com a palma das mãos, sem que os dedos encostem na membrana.

TAMBORIM

Tocado com uma vareta de bambu, não marca necessariamente o ritmo do samba, mas traz um som agudo para o batuque.

CAVAQUINHO

Tem papel semelhante ao do tamborim: deixa o som mais agudo. Mas faz isso na melodia do samba, e não na batida rítmica.

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