A tradição de deixar os calouros carecas vem desde a Idade Média. Os primeiros registros de trote são da Universidade de Paris, em 1342, mas o corte de cabelo foi invenção da Universidade de Heidelberg, na Alemanha, em 1491, e logo se espalhou por outras instituições. “Os novatos eram obrigados a beber uma taça de vinho com urina e eram depilados em nome dos costumes civilizados. Eram cortados os cabelos e retirados os pêlos do corpo”, diz Antonio Zuin, professor da Universidade Federal de São Carlos e autor do livro O Trote na Universidade: Passagens de um Rito de Iniciação. A justificativa para o corte dos cabelos era higiênica: em tempos de doenças como a peste negra, o corte evitava riscos como a proliferação de piolhos. Também vem dessa época o hábito de chamar os calouros de “bichos”. “Os veteranos se consideravam os civilizadores, e os calouros, como os animais, deveriam ser domesticados”, afirma Zuin. Do corte da cabeleira, o trote ganhou versões mais violentas. No Brasil, o caso mais trágico foi o do estudante Edison Hsueh, encontrado morto na piscina da Faculdade de Medicina da USP em 1999. O incidente resultou em uma lei estadual que proíbe a realização de trote em universidades estaduais quando feito sob coação, agressão física ou moral ou sob constrangimento. :-*