Como os cães selvagens caçam?
O cão selvagem africano (Lycaon pictus) pratica um eficiente jogo de equipe na hora de garantir sua refeição. Ele caça em grupo, alternando-se com outros companheiros de matilha na tarefa de perseguir a presa, que dificilmente consegue escapar do bem bolado revezamento. Mas nem mesmo essa eficiência tática tem sido suficiente para livrar a espécie […]
O cão selvagem africano (Lycaon pictus) pratica um eficiente jogo de equipe na hora de garantir sua refeição. Ele caça em grupo, alternando-se com outros companheiros de matilha na tarefa de perseguir a presa, que dificilmente consegue escapar do bem bolado revezamento. Mas nem mesmo essa eficiência tática tem sido suficiente para livrar a espécie da ameaça de extinção, devido à perseguição humana e à transformação de grandes extensões de seu hábitat natural (as savanas) em pastagem. Calcula-se que restam apenas entre 3 mil e 4 mil indivíduos vivendo em liberdade. Os cães selvagens se diferenciam fisicamente dos cachorros domésticos por terem quatro e não cinco dedos nas patas. Sua pelagem malhada (marrom, preta ou cinza) faz com que muitas vezes sejam confundidos com as hienas. Eles medem até 1,12 metro de comprimento, pesam entre 16 e 23 quilos e são excelentes caçadores.
Dotados de orelhas grandes e arredondadas, têm as pernas compridas e o corpo esguio, características que os ajudam a percorrer longas distâncias, o que é fundamental, pois eles são nômades – bandos costumam se deslocar por áreas superiores a 500 quilômetros quadrados. Antigamente, os cães selvagens viviam em quase todo o continente africano, exceto no deserto do Saara. Hoje, porém, só são encontrados em oito países: Botswana, Zâmbia, Tanzânia, África do Sul, Zimbábue, Senegal, Namíbia e Quênia. Quando eram mais abundantes, vagavam em grandes grupos de 40 a 50 animais, mas agora não reúnem nem 20 membros. As matilhas são compostas por vários machos aparentados e uma ou mais fêmeas. Apenas um par no bando acasala e os filhotes, até poderem pegar suas próprias presas, são alimentados pelos demais membros do grupo.
Revezamento na hora do ataque é fundamental para cansar a presa
1. Ao contrário da maioria dos felinos, que caçam ao entardecer, os cães selvagens preferem agir ao longo do dia. Impalas e gazelas são seus pratos favoritos. Na hora de escolher uma vítima, dão preferência para os animais velhos ou doentes
2. Após identificar a melhor presa, um ou mais cães disparam em sua direção, iniciando a perseguição. O resto da matilha fica à espreita, aguardando o momento certo para colocar em ação o próximo passo do plano de ataque
3. Passados alguns minutos, é a vez de os cães que estavam apenas observando entrarem na perseguição. Descansados, eles substituem os primeiros caçadores e têm muito mais chances de pegar a presa, que está exausta
4. Quando a vítima é finalmente alcançada, vem o bote final. Um dos cães morde com força o focinho dela, enquanto os outros atacam na altura do estômago, matando a presa em poucos segundos 5
5. Para evitar que leões e hienas roubem a caça, eles a devoram rapidamente. A partilha é feita sem brigas e, se a comida não for suficiente, tem início uma outra caçada
6. Alguns cães levam parte da presa para os filhotes e para os membros do bando que cuidaram destes. Às vezes os cães “entregadores” armazenam grandes quantidades de carne em seus estômagos para regurgitá-la quando encontram os filhotes