Como Lúcifer foi expulso do paraíso e transformado em Satanás?
De acordo com a tradição cristã, Lúcifer era um belíssimo anjo que pecou e acabou sendo expulso do céu. Conheça sua trajetória.
De acordo com a Bíblia, no segundo dia da criação, depois de já ter feito o dia e a noite, Deus criou o céu. Nesse mesmo dia, surgiram os anjos. Um deles, que impressionava por sua beleza, era Lúcifer. Não há consenso, mas a ideia mais aceita é a de que ele era um querubim. E, como todo anjo, era um mensageiro de Deus.
O pecado de Lúcifer foi ter deixado sua beleza e sua alta posição na hierarquia celeste subirem à cabeça. Orgulhoso, ele decidiu que queria construir seu trono acima de Deus. E convenceu cerca de um terço dos anjos a apoiá-lo.
A tradição diz que, para enfrentar a batalha pelo paraíso, Lúcifer transformou-se num terrível dragão. (O livro “Apocalipse” descreve outro dragão, de sete cabeças e dez chifres, que também pode ser Lúcifer).
O lado do bem teria sido comandado pelo arcanjo Miguel, que, em muitas pinturas, é representado com uma lança, uma espada flamejante ou um escudo com a frase latina “Quis ut Deus?” (“Quem é como Deus?”). Miguel teria perguntado isso diretamente a Lúcifer, que se achava igual (ou superior) ao Todo-Poderoso.
O exército dos rebeldes não foi suficiente para vencer as hostes celestiais. Os perdedores foram enviados para o inferno (daí o termo “anjos caídos”). Lá, deveriam arder no fogo por toda a eternidade. Lúcifer pagou um preço maior: foi transformado no horrendo Satanás, ou Satã.
Satã teria jurado vingança, prometendo destruir a raça humana. Disfarçou-se de serpente para se insinuar no Jardim do Éden. Lá, convenceu Eva a provar o fruto da árvore da vida e dividi-lo com Adão, causando a expulsão do casal.
CAIU NADA
Alguns estudiosos da Bíblia, contudo, sugerem outro protagonista nessa história. Eles afirmam que a passagem que descreve a queda de Lúcifer do céu, no livro de Isaías, é um equívoco. O nome “Lúcifer” teria sido um erro de tradução do termo “filho da manhã”. Quem caiu teria sido, na verdade, o rei Nabucodonosor da Babilônia – a “queda” seria uma referência à sua morte.
LUZ E TREVAS
Além da Bíblia, outro documento também descreve a batalha no céu. Os Pergaminhos do Mar Morto, encontrados entre 1946 e 1956, contêm rascunhos da Bíblia e também dedicam um trecho à “guerra no céu”. Miguel lideraria o lado do bem, chamado de Filhos da Luz. Seus opositores, os Filhos da Escuridão, foram comandados pelo demônio Belial.
CONSULTORIA Volney Berkenbrock, doutor em teologia pela Universidade de Bonn, na Alemanha, e professor de pós-graduação em ciência da religião da Universidade Federal de Juiz de Fora, e Gary E. Gilley, doutor em teologia pela Universidade de Cambridge. FONTES Livro Satã – Uma Biografia, de Henry Ansgar Kelly, documentários Satanás, Príncipe das Trevas e Portões para o Inferno e tese acadêmicaSpeak of the Devil: A Brief Look at the History and Origins of Iconography of the Devil from Antiquity to the Renaissance, de Eric Williams.