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Como funciona a digestão?

Por Meire Cavalcante
Atualizado em 22 fev 2024, 11h00 - Publicado em 18 abr 2011, 18h55

Em seres vertebrados como nós, o processo de absorção de alimentos pelo organismo envolve uma complexa engrenagem. É o famoso aparelho digestivo – um longo tubo em que se encontram órgãos como boca, estômago e intestinos, provido de comportas e barreiras que abrem e fecham em admirável sincronia, dando o ritmo necessário a cada etapa do processo. Além disso, entram em ação coadjuvantes como o fígado e o pâncreas, responsáveis pela produção de enzimas que ajudam a quebrar a comida mastigada em partículas menores. Nutrientes como carboidratos, gorduras e proteínas contêm moléculas complexas, que têm de ser partidas para serem assimiladas por nossas células. Essa tarefa cabe a enzimas chamadas hidrolíticas, porque dividem essas longas cadeias moleculares acrescentando a elas moléculas de água. Cabe a nós não sobrecarregar o aparelho – por isso, é fundamental mastigar bem cada bocado. “Quando comemos depressa, o estômago perde tempo triturando os pedaços grandes que não foram bem mastigados.

Isso retarda a digestão e causa desconforto”, afirma o gastroenterologista Joaquim Prado Moraes Filho, do Hospital das Clínicas de São Paulo. Resta dizer que a ciência médica ainda não compreende totalmente como funciona o chamado s istema nervoso entérico, complexa rede de fibras nervosas que controla toda a movimentação do tubo entre o estômago e os intestinos.

Máquina visceral Aparelho digestivo opera em uma sofisticada e harmoniosa divisão de tarefas

1. A mastigação dos alimentos forma o chamado bolo alimentar. A saliva contribui com a amilase, enzima que ajuda a digerir os amidos (presentes principalmente em massas)

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2. O bolo alimentar é levado ao estômago pelo esôfago, que é apenas um órgão de condução: ele não participa no processamento do alimento

3. O esôfago se contrai e relaxa progressivamente, de modo parecido com o de apertar um tubo de pasta de dentes. Esses movimentos – chamados peristálticos – levam o alimento ao estômago mesmo com a pessoa de cabeça para baixo

4. Quando o bolo está para entrar no estômago, se abre uma válvula: o esfíncter inferior do esôfago. O resto do tempo ele permanece fechado para impedir que o conteúdo estomacal venha tubo acima, o que causaria queimaduras

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5. O bolo é banhado pelo suco gástrico ao cair no estômago. O suco é composto de ácido clorídrico, enzimas e muco, substâncias produzidas por células da mucosa estomacal. Esse ácido é tão forte que queimaria o interior do órgão, não fosse a camada de muco, de cerca de 2 milímetros, que o reveste

6. As principais enzimas contidas no suco gástrico são a pepsina (que age nas proteínas) e a lipase (que atua nas gorduras). Cerca de três contrações peristálticas por minuto vão misturando o suco gástrico ao bolo alimentar, até deixá-lo cremoso como iogurte

7. O fígado produz a bílis, outra substância ácida, com sais que ajudam a quebrar gorduras. Do pâncreas vem o suco pancreático, que contém mais lipase e amilase (esta, mais concentrada do que na saliva)

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8. A saída do estômago se dá através do piloro, outra válvula do aparelho digestivo. Ela libera o bolo aos poucos para o duodeno, a primeira seção do intestino delgado. Nesse ponto, ocorre a mistura com as secreções vindas do fígado e do pâncreas

9. Na segunda seção do intestino delgado, o jejuno, é onde o alimento finalmente começa a ser absorvido. Nesse momento, o organismo libera líquido para facilitar o processo

10. As paredes do intestino delgado têm sulcos chamados vilosidades, que, por sua vez, possuem microvilosidades. É através delas que se dá a absorção dos nutrientes pelo organismo

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11. Nas paredes do intestino existem também sensores que estimulam os hormônios digestivos a fabricarem mais ou menos secreções (bílis, por exemplo) conforme a necessidade

12. A terceira e última seção do intestino delgado é o íleo . Até aqui, o tubo todo é estéril, ou seja, livre de bactérias. Daqui em diante, surgem bactérias que ajudam na reabsorção dos sais biliares, para reaproveitá-los numa próxima digestão

13. Quando o bolo chega ao intestino grosso, ocorre uma grande reabsorção de água pelo organismo. Isso faz com que, a partir daí, ele vá tomando consistência pastosa. Ao entrar em contato com o colo (ou cólon, seção intestinal entre o íleo e o reto), encontra as bactérias responsáveis pelo mau cheiro do produto final

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14. As fezes são formadas principalmente por celulose (fibra vegetal não digerível), além de células mortas do tubo digestivo, que se regenera constantemente, e outras moléculas grandes demais para serem absorvidas. Da boca ao ânus, o bolo completa uma viagem de cerca de 7,5 metros em um adulto

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