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Como foi a queda do Muro de Berlim?

O símbolo da Guerra Fria caiu em 9 de novembro de 1989.

Por Thais Sant'Ana
Atualizado em 22 fev 2024, 10h38 - Publicado em 8 abr 2015, 18h32

O Muro de Berlim existiu por 28 anos, de 1961 a 1989. Com a derrota dos nazistas, em 1945, Berlim (ex-capital do 3º Reich, de Adolf Hitler), foi dividida em quatro zonas de influência, respectivamente controladas por França, Grã-Bretanha, EUA e URSS.

Só que, depois disso, durante a Guerra Fria, toda a Alemanha acabou divida entre dois países, a Alemanha Ocidental e a Oriental. O problema é que Berlim ficava inteirinha no território comunista. E ninguém queria abrir mão das suas áreas de influência pré-estabelecidas em uma cidade importante. Ao contrário do que costuma ser dito, portanto, o Muro de Berlim não separava as duas Alemanhas em si. Ele só simbolizava essa divisão, porque separava uma mesma cidade, Berlim, que pertencia a ambos os “lados” da Guerra Fria.

Instituído da noite para o dia, o muro cortou ao meio praças, avenidas e até cemitérios. Sua estrutura teve fases: nos primeiros anos, eram cercas de arame farpado, evoluindo para muros de concreto após 1965 e para a versão de segurança máxima, com torres e armadilhas, a partir de 1975.

Durante toda a existência da barreira, os moradores do lado ocidental tiveram livre acesso ao lado oriental, mas o contrário não… Até que o Muro finalmente caiu, em 1989.

Tudo começou com um comunicado confuso do porta-voz da Alemanha Oriental, que levou a uma aglomeração enorme da população em frente à muralha. Embora o muro tenha levado meses para vir completamente abaixo, as imagens dos alemães destruindo-o com martelos e marretas correu o mundo, tornando-se símbolo desse momento histórico.

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De bloco em bloco: o passo a passo da queda

Declaração oficial desastrada derrubou a fronteira entre as Alemanhas Oriental e Ocidental

1. Após a Guerra Fria, a União Soviética estava enfraquecida. A economia estagnou e movimentos nacionalistas pediam a separação do grupo. Além disso, o secretário-geral Mikhail Gorbachev começou a fazer reformas democráticas, instituindo um novo Congresso e permitindo ao povo votar pela primeira vez desde 1917.

2. No dia 9 de novembro de 1989, diante das pressões contra o controle de passagem do muro, o porta-voz da Alemanha Oriental, Günter Schabowski, disse em uma entrevista que o governo iria permitir viagens da população ao lado Ocidental. Questionado sobre quando essa mudança vigoraria, ele deu a entender que já estava valendo.

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3. Isso bastou para que a população do lado oriental se aglomerasse nas fronteiras do muro. Milhares de cidadãos se reuniram em frente às guaritas de bloqueio e fizeram coro de “Abram os portões!” Frente à multidão, os guardas orientais não sabiam o que fazer. Entravam nas guaritas e, em telefonemas desesperados, pediam instruções. Mas seus superiores também não sabiam como agir.

4. Pressionados, os guardas cederam e abriram os portões. Fora isso, as pessoas começaram a vir ao muro munidas de pás, marretas, picaretas e martelos para abrir passagens clandestinas e derrubar o muro à força. Do lado ocidental, outra massa de gente gritava para que deixassem o leste sair.

5. O que se seguiu foi uma festa. As pessoas reencontravam amigos e familiares nas brechas dos muros em clima de celebração. No dia seguinte, a multidão oriental invadiu as lojas ocidentais. Seus carros “trabis” – único modelo fabricado na Alemanha Oriental – formavam imensos congestionamentos.

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6. O muro não caiu de imediato. Nos meses seguintes, novas passagens foram abertas tanto pelo povo quanto pelo governo, e o que restou foi demolido entre junho e novembro de 1990. Em 3 de outubro de 1990, as duas Alemanhas foram unificadas por lei. No dia 26 de dezembro de 1991, a União Soviética foi oficialmente dissolvida e deu origem a 15 países distintos.

O Muro em números

80 pessoas morreram e 112 ficaram feridas tentando transpor o muro ao longo dos anos – e essa é a estimativa mínima divulgada. Milhares foram aprisionadas. Desde que o muro foi levantado, mais de 70 túneis e rotas de fuga foram construídos por baixo da terra para possibilitar fugas. O pouco mais de 1 km que restou do muro foi forrado de grafites por artistas e, hoje, é mantido como patrimônio histórico da Alemanha.

FONTES Sandro Zarpelão, professor, mestre, doutorando em história e historiador, e Flavia Bancher, autora do livro A Queda do Muro de Berlim e a Presentificação da História
PERGUNTA do leitor Natan Lima, de Boituva, SP

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