Como era a anatomia de um mamute?
Esses fantásticos animais viveram na África, Europa, Ásia e América do Norte, e foram extintos no fim da última Era do Gelo, 12 mil anos atrás
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Esta reportagem foi originalmente publicada na revista MUNDO ESTRANHO 185 (setembro/2016) e venceu a medalha de prata na categoria Infografia do Prêmio ÑH em novembro daquele ano.
Similar à de um elefante moderno. Mamutes são as várias espécies de mamíferos dentro do gênero Mammuthus, todas extintas atualmente. Os ancestrais desse gênero migraram da África 3,5 milhões de anos atrás e se espalharam pela Europa, Ásia e América do Norte.
O mamute-lanoso (Mammuthus primigenius), mostrado nesta matéria, é não apenas o mais conhecido do grupo como também um dos animais pré-históricos mais bem estudados, devido à grande quantidade de fósseis preservados. Os mamutes sumiram no fim da última Era do Gelo (12 mil anos atrás), mas ainda havia espécimes vivos há 4 mil anos.
E vale esclarecer uma coisa: os elefantes de hoje, tanto asiáticos quanto africanos, não descendem do mamute, e sim remontam a ancestrais comuns.
Altura – Tinham de 2,75 a 3,4 m
Peso – De 5 a 6 toneladas (adultos)
Expectativa de vida – De 60 a 80 anos
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1) PRESAS E ANÉIS
Fêmeas e machos usavam as presas para cavar fundo na neve e lutar por território. Havia também uma característica sexual: os machos com presas maiores e mais curvadas poderiam cruzar com mais fêmeas na época de acasalamento.
Assim como acontece com árvores, a presa tinha, por entro, anéis que indicavam o crescimento – havia circunferências anuais, semanais e até diárias. Nos primeiros anos, esses anéis semanais eram grossos, indicando fartura e saúde. A partir do 12º, porém, quando os machos passavam a cuidar de si mesmos, os anéis ficavam mais finos, espelhando essa fase de aprendizado.
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2) TROMBA
A tromba era usada para retirar neve do caminho, quebrar gelo (para beber água), puxar galhos e recolher vegetais diversos. Tinha duas pontas – uma adaptação evolutiva para colher a vegetação rasteira da Era do Gelo (diferentemente da dos elefantes de hoje, que envolvem a tromba ao redor de matos altos).
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3) PATAS
Assim como os elefantes, mamutes tinham partes carnosas nas patas. Fósseis descobertos mostram que as patas tinham rachaduras, que aumentavam o atrito com o gelo.
4) PELOS
O mamute possuía uma cobertura com duas camadas de pelos. Similares ao cabelo humano, os pelos variavam de tons loiros a tons castanho escuros, com as pigmentações mais claras sendo mais raras.
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5) DENTES
A arcada tinha quatro dentes molares, trocados cinco vezes ao longo da vida do bicho. A cada troca, os dentes ficavam maiores e com mais ranhuras.
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6) ACASALAMENTO
Cientistas acreditam que, como os elefantes, os mamutes machos periodicamente produziam testosterona extra, o que os levava a lutar por fêmeas. Às vezes, um macho podia ter a preferência da parceira só por ter presas maiores, sem precisar brigar.
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7) BRIGAS
Os animais davam cabeçadas para atordoar os rivais. Para exibir sua força, eles enganchavam as presas, num jogo de puxar e torcer. Especula-se também que eles pudessem levantar as presas para golpear com a parte de baixo. O conflito podia acabar com uma presa quebrada ou até com um dos oponentes morto.
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8) A FERA E O HOMEM
Os humanos da época (Homo sapiens como nós, embora neandertais ainda existissem) já eram capazes de usar fogo e criar ferramentas. Eles conviveram com os mamutes e os caçavam para usar a pele, a carne e até os ossos, para montar cabanas. Restos de mais de 70 dessas construções foram encontrados na Rússia
O FIM
Duas teorias tentam explicar a extinção dos mamutes, há cerca de 12 mil anos. Mas a verdade também pode ser uma combinação de ambas.
Teoria 1 – Mudança climática
Com o derretimento das geleiras e o aumento na umidade e na temperatura, a vegetação rasteira que era conveniente aos mamutes deu lugar a florestas coníferas (no sul) e à tundra (no norte). Esses habitats eram impróprios para a alimentação deles, o que pode ter causado fome e forçado as populações a diminuírem até acabar.
Teoria 2 – Caça predatória
Nessa época, a tecnologia humana para a caça avançou. Vários fósseis de mamutes foram encontrados com ponta de lança em seu corpo. É provável que caçadores massacrassem hordas inteiras para evitar resistência. Porém, como havia outras opções de alimento, não é certo que a caça tenha sido tão ostensiva a ponto de eliminar a espécie.
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O RECOMEÇO?
A engenharia genética pode utilizar o DNA de elefantes para criar um DNA vivo que se aproxime daquele dos mamutes. Dessa forma, o bicho poderia ser clonado e “reviver”.
I. Cromossomos produzidos em laboratório com o DNA de mamute são inseridos em uma membrana nuclear artificial
II. Remove-se o núcleo do óvulo de um elefante e, no lugar, coloca-se o núcleo com o DNA de mamute feito em laboratório
III. A célula é então estimulada (quimicamente ou eletricamente) a se dividir, iniciando o processo natural de crescimento
IV. O óvulo é colocado no útero de um elefante. Se der certo, a gravidez ocorrerá e o filhote de mamute irá nascer
CONSULTORIA Adrian Lister, paleobiólogo e pesquisador líder do National History Museum de Londres, e Leonardo dos Santos Avilla, biólogo e coordenador do Laboratório de Mastozoologia da UFRJ.
FONTES Livro Mammoths: Giants of the Ice Age, de Adrian Lister e Paul Bahn; sites The Guardian, National Geographic, Mental Floss, Science News, Palaeobiology Research Group, Helix, History.com e University of California Museum of Paleontology.