pergunta João Pedro MS, Rio de Janeiro, RJ
ilustra Samuel Leme
edição Felipe van Deursen
Varia bastante, é claro. Basicamente, há quatro fatores envolvidos: composição da atmosfera, iluminação das estrelas próximas, partículas em suspensão no ar e reflexo dos componentes do solo. Sendo assim, é possível fazer estimativas sobre o que você veria se pudesse estar em outro planeta e olhar para cima. Mas é melhor ir com calma. Até hoje, poucas sondas visitaram lugares fora da Terra e as câmeras que elas carregavam continham filtros que privilegiavam a observação de outros detalhes, mais interessantes para os cientistas. Então, ainda há muito espaço para especulação. E piração.
MERCÚRIO
O planeta dos notívagos. É que, por não ter atmosfera, o céu dele é sempre negro, com direito a estrelas – incluindo uma enorme, o Sol (afinal, Mercúrio é o primeirão do sistema solar). Assim, o céu mercuriano seria semelhante àquele que os astronautas viram na Lua.
VÊNUS
A atmosfera é muito densa, a ponto de o Sol nem aparecer. As nuvens de ácidos, como o sulfúrico, fazem os astrônomos presumirem que o céu seja branco-amarelado, mas imagens das sondas soviéticas Venera na década de 1970 mostram uma cor alaranjada.
MARTE
A atmosfera rica em CO2, a superfície avermelhada e a intensa poeira deixam o tom escarlate predominante. No nascer e no por do Sol, o céu fica rosa, e as áreas mais próximas do Sol ficam azul. Mais ou menos o contrário do que ocorre na Terra.
JÚPITER
Onde o céu está limpo, o amarelo-sujo dominaria. Mas, nas regiões de tempestades, que são tão comuns que se refletem nas faixas do planeta vistas do espaço, substâncias como hidrosulfeto de amônia espalhariam tons alaranjados, avermelhados e marrons.
Em dias limpos, os anéis seriam de tirar o fôlego, assim como a grande lua Titã, que é laranja-escura. O problema é que quase sempre as nuvens de amônia e hidrossulfeto de amônia deixariam o céu como o de Júpiter, mas mais esbranquiçado.
URANO
A grande quantidade de gás metano deixaria o céu uraniano com uma tonalidade ciano. Especula-se, no entanto, que o efeito não seja tão brilhante na prática, já que o Sol está muito distante, dificultando a chegada de luz ao planeta.
NETUNO
Como em Urano, o azul também é predominante por causa da existência do gás metano no planeta. A diferença é que a distância ainda maior em relação ao Sol tornaria a tonalidade do céu netuniano mais escura para os olhos humanos.
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OUTROS PLANETAS
O HD 189733b, a 63 anos-luz da Terra, teria céu azul-cobalto, pois sua atmosfera é repleta de um tipo de vidro, que espalharia radiação.
O HAT-P-11b (120 anos-luz) é iluminado por uma estrela-anã vermelha e, por isso, teria céu nessa cor.
Já o GJ 504b (57 anos-luz), tem metano e fica em um sistema novo e, portanto, quente. Seu céu seria rosa.
CONSULTORIA Gustavo A. Lanfranchi, coordenador do mestrado em astrofísica e física computacional da Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul), Rafael Santucci, astrônomo do Colégio Magno/Mágico de Oz, Sergio Pilling, coordenador do curso de mestrado em física e astronomia da Universidade do Vale do Paraíba (Univap)