Como é construído um estádio de futebol?
O tamanho e a estrutura do estádio dependem da área disponível e do tipo de solo sobre o qual ele será construído. Com base nos estudos de solo, engenheiros e arquitetos projetam a arena, considerando o orçamento disponível, o número total de torcedores e o tipo de eventos que o estádio vai abrigar – se […]
O tamanho e a estrutura do estádio dependem da área disponível e do tipo de solo sobre o qual ele será construído. Com base nos estudos de solo, engenheiros e arquitetos projetam a arena, considerando o orçamento disponível, o número total de torcedores e o tipo de eventos que o estádio vai abrigar – se vai ter shows, lojas, restaurantes etc. O relevo do terreno é uma característica importante para definir o tipo de construção. Quando o solo permite uma escavação profunda, as arquibancadas podem ficar apoiadas nas encostas de um buraco – o que barateia a obra. Se o solo é duro, porém, o jeito é erguer tudo do chão. 🙂
NASCE UM GIGANTE
O estádio de Green Point, na Cidade do Cabo, será um dos palcos da Copa da África do Sul
Depois da terraplenagem, o primeiro passo é cavar vários buracos e enchê-los de concreto, formando estacas que podem alcançar até 16 metros de profundidade. Em cima das estacas são instalados blocos de concreto armado – massa de cimento, areia e pedra, recheada com vergalhões de ferro.
As peças principais da estrutura são os pórticos, formados por vigas e pilares de concreto que, dispostos lado a lado, dão forma ao contorno do estádio e servem para apoiar a estrutura da arquibancada. Os 72 pórticos de Green Point são dispostos de 10 em 10 metros.
Os degraus das arquibancadas podem ser moldados com concreto entre dois pórticos. Atualmente, porém, o mais comum é montar tudo com peças de concreto pré-moldadas que se encaixam como pecinhas de Lego. Elas são manejadas com guindastes gigantes e instaladas por um batalhão de operários.
A cada 30 metros, um pórtico é “fatiado” de cima a baixo, criando um vão de 2 cm – chamado de junta de dilatação. Essa pequena brecha é suficiente para que o concreto se contraia e se dilate, de acordo com a temperatura ambiente, sem provocar rachaduras. O topo da junta é vedado com uma resina, para evitar infiltrações.
A cobertura terá duas camadas translúcidas – uma de vidro por cima e outra de ETFE, polímero leve e resistente, por baixo -, projetadas para manter o som dentro do estádio e proteger os assentos da chuva, sem impedir a entrada da luz do Sol. A estrutura metálica se apoia nos pórticos e sustenta as lâmpadas de iluminação.
O gramado é uma das últimas etapas da construção e leva cerca de 45 dias para estar em condições de jogo. Abaixo do tapete verde, tubulações garantem a drenagem e a irrigação do campo. O solo, composto de camadas de areia, adubo e compostos orgânicos especiais, mantém a grama fortalecida.
Os espaços vazios por trás das arquibancadas são reservados para a circulação de pessoas e é ali que são instalados banheiros, bares e demais estabelecimentos – no caso de o estádio agregar opções de lazer típicas de shopping centers, como restaurantes, lojas, cinemas etc.
Para a bola rolar, falta instalar e testar o sistema de iluminação, além de preencher todos os 68 mil lugares com assentos individuais, como determina a Fifa. O acabamento também inclui o revestimento externo do estádio – em fibra de vidro -, pintura de paredes, aplicação de pisos e azulejos.
GREEN POINT EM NÚMEROS
Com quantos “paus” se faz um estádio?
– 640 MIL SACOS DE CIMENTO que empilhados atingiriam uma altura próxima aos 85 mil metros, quase dez vezes a altura do Everest
– 3,7 MIL TONELADAS DE AÇO (SÓ PARA O TETO), um peso equivalente ao de dois ônibus espaciais
– 142,5 MIL M3 DE TERRA ESCAVADA, o que é suficiente para encher 12 mil caminhões
– 780 LATÕES DE TINTA (18 LITROS CADA UM) para pintar uma área de 88 mil m², equivalente ao tamanho de 12 campos de futebol
– 1,5 MIL OPERÁRIOS contratados. Pagando um salário mínimo a cada um, no fim da obra o gasto seria superior a 18,5 milhões de reais
– 5,2 MILHÕES DE TIJOLOS PARA PAREDES INTERNAS serviriam para construir 1 700 casas populares, com 50 m2 cada uma
– 530 PRIVADAS, 360 MICTÓRIOS E 270 PIAS consumiriam, se usados ao mesmo tempo, 6 mil litros de água de uma vez só
– 19 GUINDASTES
– 30 MESES DE OBRAS