Como é a perícia de um crime?
No início da perícia, uma equipe de profissionais entra em cena para desvendar o crime enquanto a polícia assiste do lado de fora
Primeiro, isola-se a cena do crime para uma equipe coletar pistas do que ocorreu – nem a polícia entra antes dela. A natureza de cada crime altera os detalhes da perícia, mas os procedimentos gerais depois de isolar a cena são: observação, registro e coleta de evidências, análises laboratoriais das evidências e conclusão – laudo com listagem das pistas encontradas e possíveis associações entre elas. A operação é coordenada por um perito criminal, com a colaboração de especialistas. “Os laboratórios ajudam o perito a obter uma convicção técnica sobre o caso antes de redigir o laudo com sua conclusão”, explica Francisco La Regina, perito do Instituto de Criminalística de São Paulo. O órgão, que faz todas as perícias do estado, tem mais de dez departamentos, especializados, cobrindo desde ocorrências de trânsito a falsificação de documentos. A perícia, no entanto, não interroga testemunhas nem suspeitos, como rola nos seriados da TV. Isso é papel dos investigadores de polícia.
Jogo de cena
Uma equipe de profissionais entra em cena para desvendar o crime enquanto a polícia assiste do lado de fora
TÁ LÁ O CORPO ESTENDIDO
Ainda na cena do crime, o perito faz um exame perinecroscópico: análise externa do cadáver e do que está ao seu redor. O local e a posição em que o corpo está e o tipo de lesões visíveis fornecem indícios a ser complementados pela autópsia (veja boxe ao lado)
CAÇA-PISTAS
O perito criminal chefia a equipe de perícia. Seu trabalho é encontrar e encaixar peças que remontem o quebra-cabeça do crime. Para isso, ele observa e anota detalhes da cena, o corpo e a presença de armas, de sinais de luta, de arrombamento etc., além de coletar vestígios
MALA DE UTILIDADES
O perito dispõe de acessórios para observar e coletar evidências. Luvas e jalecos evitam que ele “suje” a cena do crime. Luzes especiais realçam pistas discretas, como manchas de sangue apagadas ou resquícios de matéria orgânica
“OLHA O PASSARINHO”
O fotógrafo forense apoia a perícia registrando a cena sob direção do perito criminal – é ele quem indica o que deve ser fotografado e sob que ponto de vista. As fotos ilustram o relatório final e auxiliam na reconstituição do crime, quando necessário
RASTROS DO CRIME
Tudo que está na cena do crime pode fornecer pistas sobre o que rolou ali, desde a posição dos objetos até as dimensões do cômodo. A distribuição e a forma das gotas de sangue, por exemplo, podem indicar a direção de um tiro e a posição da vítima durante a ação
TOCOU, ASSINOU
O datiloscopista é um especialista em detectar e coletar “impressões latentes”, ou seja, marcas de gordura deixadas pelo relevo da nossa pele em superfícies lisas. O procedimento básico da coleta é assoprar um pó sobre a digital, que adere à gordura e carimbar um papel especial
NINGUÉM ENTRA
O isolamento da cena do crime é fundamental para o trabalho da perícia. Quem cerca a área é a Polícia Militar que, geralmente, é quem recebe a ocorrência e chega primeiro ao local. A obrigação de isolar a cena está prevista até no Código Penal brasileiro
• Saquinhos usados na coleta de evidências têm lacres para garantir a integridade das pistas
• Padrões em manchas de sangue são medidos, indicando a posição da vítima ao ser atingida e até se o ferimento foi provocado por tiro ou facada
• As impressões mais comuns são as digitais, mas ranhuras do pé e até da lateral da mão são exclusivas de cada indivíduo e servem para identificar suspeitos
Corpo em evidência
Nos bastidores, médicos e dentistas especializados investigam cadáveres em busca de pistas
ABRE E FECHA
Se houver algum morto na cena, o corpo é encaminhado para um médico-legista fazer a autópsia – análise interna do cadáver – em busca das circunstâncias, da hora e da causa da morte
SÓ O PÓ
Se um corpo é queimado ou enterrado, antropólogos e odontologistas forenses entram em cena para identificá-lo usando o que sobrou dos ossos e da arcada dentária, respectivamente
PRAZO VENCIDO
Se o corpo estiver em decomposição, um entomólogo – especialista em insetos – entra em ação para estimar a época da morte pela quantidade e tipos de bichos no cadáver – ou no que restou dele