Como as piranhas atacam?
A piranha é um dos mais temidos peixes de água doce do mundo e isso se deve à violência de seu ataque, que pode ser realizado em grupo ou individualmente. Entretanto, apesar da fama de má, ela está longe de ser uma assassina cruel e implacável. Também não é uma devoradora de gente, como muitos […]
A piranha é um dos mais temidos peixes de água doce do mundo e isso se deve à violência de seu ataque, que pode ser realizado em grupo ou individualmente. Entretanto, apesar da fama de má, ela está longe de ser uma assassina cruel e implacável. Também não é uma devoradora de gente, como muitos imaginam. “A piranha só ataca quando tem fome. E, ao contrário do que se pensa, ela não sente uma atração incontrolável por sangue. Os ataques são provocados principalmente por quedas de objetos na água ou movimentações incomuns, que são interpretadas como a presença de um animal ferido ou em dificuldade”, afirma o zoólogo Ivan Sazima, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Além de hábil caçadora, a piranha também se alimenta de animais mortos e pode dar uma de canibal, comendo companheiras de bando quando o alimento fica escasso. Quando ataca outros peixes, ela abocanha principalmente escamas, nadadeiras e partes dos músculos da vítima. “Geralmente as piranhas não comem o animal inteiro, a não ser que estejam em grupos muito grandes”, diz Ivan. Existem 36 diferentes espécies de piranha no planeta, todas encontradas só na América do Sul – no Brasil, já foram identificadas 24 espécies. As maiores são a piranha-preta (Serrasalmus rhombeus), encontrada na Amazônia, e a piranha-do-são-francisco (Pygocentus piraya), ambas com 40 centímetros de comprimento. Já a espécie mais temida é a piranha-caju ou queixuda (Pygocentrus nattereri). “Ela tem uma mordida altamente mutilante e quando ataca provoca graves ferimentos”, afirma Ivan.
Na livraria:
Atlas de Animais Aquáticos Perigosos do Brasil – Vidal Haddad Jr., Editora Roca, 2002
Na internet:
Elas devoram grandes animais, mas investidas contra humanos são raras
NADANDO COM O INIMIGO
A piranha-pintada ou pirambeba (Serrasalmus spilopleura) recorre a várias estratégias para capturar seu almoço. Uma delas é se “infiltrar” no meio das vítimas. Ela nada calmamente ao lado de peixes como pintados até eles se acostumarem com sua presença. Quando o cardume relaxa, a pirambeba dá o bote!
CAMUFLAGEM SUBMARINA
Algumas espécies preferem caçar sozinhas, como a piranha-catirina (Serrasalmus marginatus). Ela gosta de se esconder antes de atacar. Quando um peixe como um dourado se aproxima da catirina, ela avança de surpresa, dando mordidas nas nadadeiras e nas escamas da vítima
ATAQUE LENDÁRIO
São raros os ataques a banhistas. Em geral, eles acontecem quando alguém se aproxima de pontos de reprodução de espécies como a piranha-pintada (Serrasalmus spilopleura). Mesmo assim, não há casos cientificamente documentados de ataques fatais, apenas relatos populares. Os únicos casos comprovados de humanos devorados por piranhas ocorreram com pessoas que já estavam mortas na água – afogadas, por exemplo
BOA DE BOCA
Apesar de ter boca pequena, a piranha possui dentes afiados como uma navalha. Sua poderosa mandíbula se projeta para a frente, facilitando o ataque. Quando abocanha sua presa, ela arranca um naco de carne e deixa uma marca em formato de cratera
BOI DE PIRANHA 1
No Pantanal, quando uma boiada precisa atravessar um rio infestado de piranhas, os peões costumam sacrificar um animal para proteger o resto do rebanho. Eles ferem um boi para atrair as piranhas e atravessam o curso dágua num ponto mais afastado. A piranha-caju ou queixuda (Pygocentrus nattereri) é a responsável pela maior parte desse tipo de ataque na região do Pantanal
BOI DE PIRANHA 2
O ataque é feito em grupo, mas de maneira desordenada. Após dar uma mordida, a piranha se afasta, dando vez a outras companheiras. Esse movimento de morder vorazmente a vítima até desfigurá-la é conhecido como “frenesi alimentar”