Ninguém se banha duas vezes no mesmo rio. Quando imergimos, águas novas substituem aquelas que nos banharam antes. O exemplo serviu para ilustrar a Teoria do Devir de Heráclito de Éfeso, sua tese mais famosa. Para ele, o Universo anda num eterno fluir, com cada coisa sendo e não sendo ao mesmo tempo.
Para Heráclito, era o logos — algo como razão ou inteligência — que governa o mundo. Ele reconhecia que todos os homens possuem o logos, mas acreditava que a maioria (que chamou de “adormecidos”) não desenvolvia essa inteligência. Apenas os “despertos” utilizavam o logos de modo consciente. Suas teorias só foram reveladas após seu bizarro suicídio: cobriu o corpo de esterco e foi para a praça, onde foi devorado por cães. Heráclito deixou frases gravadas em lâminas de ouro que ficaram secretamente guardadas com sacerdotes. Eram curtíssimas e com duplo sentido, como no trecho “a rota para cima e para baixo é uma e a mesma”.