Línguas são feitas de palavras felizes
Depois de analisar 100 mil palavras de dez idiomas, cientistas concluíram que preferimos usar termos positivos do que negativos. Mesmo na internet.
Apesar da sensação de que comentário de portal e xingamentos no Twitter tornam a internet o lugar mais negativo do mundo, não é bem assim. Um estudo conduzido pela Universidade da Califórnia mostrou o contrário: a maior parte dos idiomas – inclusive online – usa principalmente palavras positivas para se comunicar. Para chegar a esta conclusão, os pesquisadores usaram computadores para identificar as 10 mil palavras mais usadas entre dez idiomas, em portais, jornais, filmes e letras de música.
Depois pediram para pessoas apontarem como se sentem em relação a elas, em uma escala de 1 a 9, da negativa à positiva. O resultado é que, em todas as situações, há mais palavras felizes do que tristes. Entre os idiomas pesquisados, o espanhol do México e o português do Brasil eram os mais felizes. O inglês americano ficou em terceiro – o chinês é último. “Usamos a linguagem para muitas coisas, mas a principal é a conexão social. E o negativismo é limitante: as pessoas acabam se distanciando do que é negativo”, diz Peter Dodds, matemático e chefe da pesquisa. Surpreendentemente, nos ambientes online (Twitter, Google Books) há mais palavras felizes do que nas artes, como legendas de filmes ou músicas. E a felicidade depende do momento.
Os picos de alegria aconteceram no Dia dos Namorados e no Natal, enquanto que os de tristeza foram registrados nos EUA nos dias de protestos raciais em Ferguson e na prisão de Justin Bieber(!). Isso mostra que a mera contagem de palavras pode ser enganosa. “Se o que analisa a felicidade dos textos é um bot de busca, será que a frase ‘eu não estou feliz’ é considerada mais alegre do que a frase ‘eu não estou triste’?”, questiona Caetano Galindo, doutor em linguística.
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