Catorze anos atrás, em setembro de 2001, 19 fundamentalistas islâmicos sequestraram quatro aviões nos EUA e cometeram o mais chocante ataque terrorista de todos os tempos. Foi um momento crucial na história, e nada mais voltaria a ser como antes.
Foi também um momento marcante na história da SUPER. Percebendo a relevância do acontecido, o diretor de redação Adriano Silva decidiu que o assunto merecia capa – produzida em poucos dias, num esforço que envolveu a redação toda. O resultado foi uma reportagem que se propunha a compreender como os terroristas pensam, de maneira a ajudar nossos leitores a encontrar sentido na tragédia.
Não era uma capa comum para a SUPER. Até então, raramente falávamos dos problemas do mundo real. Víamos a nós mesmos como uma “revista de ciência”. Como tal, o que nos pautava eram as pesquisas de laboratório, os artigos de periódicos lidos apenas por cientistas, como a Science e a Nature. Mergulhar num tema tão candente era uma ousadia.
Deu certo. A edição repercutiu bem. Enquanto as outras publicações pareciam atônitas, embarcando num discurso de confusão e medo, a SUPER usou o know- how de anos lidando com ciência para entregar uma edição reflexiva e racional. Nossa cobertura acabou premiada e reconhecida. Surgiu ali a semente do que fazemos hoje: uma revista que mantém um olhar científico. Mas cuja ambição é compreender as coisas reais do mundo, que afetam a nossa vida.
Conto isso para mostrar que faz muito tempo que nos dedicamos a compreender o ódio religioso e suas terríveis consequências. Também faz tempo que lançamos um olhar racional sobre as crenças religiosas – tentando entender o quanto elas nos definem e afetam os rumos da história. Por exemplo: a SUPER foi uma das primeiras publicações brasileiras a investigar sem preconceitos a explosão evangélica, numa outra capa marcante – a de fevereiro de 2004.
Agora, em setembro de 2015, novamente buscamos compreender um fenômeno relevante que envolve fundamentalismo e fé. Assim como em 2001 e 2004, trabalhamos duro para não cair em generalizações e simplificações. Nem todo evangélico é extremista, óbvio. Mas vivemos outro momento-chave da história, em que ódios estão acirrados e tragédias parecem iminentes. Cabe a nós ajudar você a enxergar o que está acontecendo de maneira clara, objetiva, sem a cegueira do preconceito.