Extinção do tigre-da-tasmânia: O bicho que valia por cinco
Tigre, canguru, cachorro, lobo ou raposa? O tigre-da-tasmânia tinha um pouco de cada um. Agora, os cientistas tentam recriar geneticamente esse curioso animal
Leandro Steiw
Tigre-da-tasmânia, lobo marsupial e lobo-da-tasmânia. Esses são alguns dos nomes usados para identificar o Thylacinus cynocephalus, um robusto marsupial carnívoro com ares de canguru, cachorro, lobo e raposa e com pelagem tigrada – aliás, sua única característica felina. Até 2 000 anos atrás, ele vivia desde a Papua Nova Guiné até a Ilha da Tasmânia, passando pelo continente australiano. Depois disso, provavelmente por causa de mudanças climáticas, o habitat se restringiu à Tasmânia.
Lá, colonizadores europeus introduziram criações de galinhas e ovelhas, por volta de 1824. O tigre-da-tasmânia levou a fama de devorador de rebanhos e, entre 1830 e 1909, o governo local – que respondia ao Império Britânico – e os fazendeiros estimularam a matança, oferecendo recompensas a caçadores que entregassem carcaças do bicho. Além dessa perseguição cruel, a espécie provavelmente sucumbiu à modificação do habitat e à competição com os cães domesticados dos imigrantes, sem mencionar as novas doenças levadas à ilha por animais do Ocidente. Também há registros de que os aborígines apreciavam a carne do animal.
A cor desse falso tigre variava do marrom-amarelado para o cinza. Ele apresentava de 15 a 20 listras escuras espalhadas do dorso até a cauda. A pelagem era densa, curta e macia. Na cabeça, semelhante à dos canídeos, as orelhas pequenas e arredondadas estavam sempre alertas. A mandíbula era forte e larga, com 46 dentes e abertura de 120 graus, o que indica uma mordida respeitável. Os machos mediam de 1,8 a 1,9 metro de comprimento e pesavam cerca de 40 quilos. Menores e com mais listras, as fêmeas tinham a bolsa marsupial voltada para o traseiro, protegendo a ninhada da vegetação áspera e rasteira da região, e carregavam até quatro filhotes.
Em 1999, cientistas do Museu Australiano, em Sydney, retiraram o DNA de um feto de tigre-da-tasmânia preservado em etanol, dando início a um ambicioso projeto de clonagem. Os mais otimistas apostam que o marsupial carnívoro voltará em grande estilo nos próximos anos. Há relatos de pessoas que acreditam ter visto indivíduos dessa espécie. Mas, infelizmente, não existe qualquer evidência de que o tigre-da-tasmânia ainda esteja entre nós.
Tigre-da-tasmânia
Nome científico: Thylacinus cynocephalus
Ano da extinção: 1936
Habitat: Tasmânia