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A Revolução das Cidades – Energia esperta

Elas guardam os grandes problemas da nossa época. Mas também apresentam as soluções. Descubra os projetos que estão construindo as metrópoles do futuro

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 19h07 - Publicado em 21 jan 2013, 22h00

Luiz Romero

Energia esperta
A malha de energia de uma cidade pode ficar mais eficiente. E a solução vem de um lugar improvável: os estádios de futebol

A Bahia guarda o segredo para o futuro da energia do Brasil. E ele fica num estádio de futebol. Não estamos falando da Arena Fonte Nova, capaz de abrigar quase 50 mil torcedores durante os jogos da Copa do Mundo. Falamos do seu irmão menor, o Estádio de Pituaçu, também em Salvador e com capacidade para 32 mil espectadores, um humilde candidato a centro de treinamento durante o Mundial. No futebol, é pouco, mas a missão do Pituaçu com o Brasil é enorme: ele está equipado com placas que captam a energia solar. E representam uma das grandes tendências na utilização e produção de energia limpa: o smart grid.

Funciona assim: o estádio receberá a energia do Sol em duas placas e transformará esta energia em eletricidade. Ele deve gerar 630 MWh por ano, mais do que suficiente para alimentar o próprio estádio, que consome 360 MWh durante partidas e treinamentos. A sobra, 270 MWh, capaz de sustentar 300 casas, será devolvida à malha de energia da Bahia. E esta devolução faz parte do conceito mais importante do smart grid.

Esta expressão significa “malha inteligente”. Hoje a malha é burra. Mesmo quando você não consome eletricidade, ela continua sendo produzida. Desperdício. Com um smart grid, dá para saber exatamente onde está faltando energia e onde está sobrando (algo impossível de ser feito hoje). Nisso, dá para redistribuir a força, evitando apagões.

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E essa “inteligência” também abre uma possibilidade surreal: a de que sua casa possa funcionar como uma “microusina” de energia. Por exemplo: você instala um painel de energia solar em casa. Enquanto o sol bate, porém, você provavelmente está no trabalho. Então como aproveitar a energia que ele gera? O conceito da malha inteligente tem a solução: a energia do painel vai para a rede. E ajuda a alimentar a empresa em que você trabalha. No fim do mês, a companhia de energia remunera você pela energia solar – em créditos para descontar da conta de luz ou em dinheiro mesmo. Não é ficção: fazendo isso, o estádio de Pituaçu deve economizar R$ 120 mil anuais em eletricidade.

Mas você não mora num estádio. Não se preocupe: duas grandes capitais do Brasil já estão investindo nas suas malhas de energia. Ainda estamos longe da geração própria, mas a Eletropaulo, de São Paulo, começou a instalar tecnologias que possibilitam o smart grid. Dois mil moradores receberam sensores que avisam a central quando há queda de energia.

Esta tecnologia ainda é um passo pequeno, considerando o que é possível fazer com o smart grid. Mas o dinheiro que circula neste mercado promete um futuro de muita inovação. Tanto fora do Brasil quanto aqui dentro, com a Light, fornecedora do Rio de Janeiro, junto com a Cemig, em Minas Gerais, investindo R$ 65 milhões na tecnologia. A luta contra a burrice da nossa malha de energia já começou.

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PARA DAR E VENDER
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1. Tomadas inteligentes
O smart grid envolve uma rede de energia que se comunica mais. Com isso, o usuário pode controlar seu consumo do celular ou desligar uma tomada de longe. A fonte de energia da televisão que deixou ligada, por exemplo, pode ser desativada depois que ele saiu de casa.

2. Iluminação pública
A comunicação mais inteligente dentro da própria rede envolve sensores que monitoram a malha. Daria para notar falhas no sistema, como um poste de luz que está aceso durante o dia ou que não funciona durante a noite.

3. Tarifas diferenciadas
Com uma nova estrutura de cobrança, a energia no horário de pico fica mais cara. E as horas de pouca demanda são baratas. Lei da oferta e da procura. Quem usar mais energia fora do horário de pico economiza dinheiro. E desafoga as termelétricas, grandes poluidoras, que dão suporte às hidrelétricas quando a demanda é alta.

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4. Geração própria
Um dos principais feitos do smart grid é possibilitar a geração de eletricidade pelo próprio usuário – caso ele tenha um painel solar no teto de casa. Nisso, a energia pode ser devolvida para a malha, como no caso do estádio de Pituaçu, em Salvador, que produz eletricidade para a rede a partir de placas de energia solar.

5. Usina no estádio
Depois de Pituaçu, que inaugurou o projeto em abril, veio o Mineirão, em Belo Horizonte. Em reformas, ele abrigará placas de energia solar capazes de produzir 1,2 mil MWh. Uma parte será utilizada pelo próprio estádio. E o excedente será distribuído entre cerca de 700 casas da vizinhança.

6. Carros elétricos
O smart grid, de quebra, transforma carros elétricos em fonte de renda. Isso porque a bateria do automóvel pode ser carregada durante a madrugada, quando existe menos demanda e a eletricidade está mais barata. No dia seguinte, quando está no trabalho, o usuário pode vender parte dessa carga armazenada, quando o preço aumentou. O potencial de lucro é pequeno – mas irresistível.

Leia também:
A Revolução das Cidades – Hidroanel de São Paulo
A Revolução das Cidades – Solução em duas rodas
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