Formado em Direito por Oxford, Thomas More teve uma carreira de sucesso como braço direito de Henrique 8º. Mas, apesar de viver entre a nobreza, escreveu uma obra-prima protossocialista. Seu livro mais famoso, Utopia, narra a vida em uma ilha imaginária onde as pessoas trabalhavam pouco e tudo era compartilhado. Fez ataques à monarquia, que garantia seu ganha-pão. Inspirou-se na República, de Platão, e tornou a palavra “utopia” (um lugar ou situação ideal, mas de difícil realização) parte da linguagem comum. Curiosamente, as críticas contra o patrão em Utopia não lhe causaram problemas.
Ele só se indispôs com o chefe monarca quando Henrique 8º se voltou contra a Igreja Católica e fundou sua própria doutrina, o Anglicanismo. Sua recusa em aceitar a manobra do rei lhe rendeu uma condenação à morte, na Torre de Londres, em 1535. Quatrocentos anos depois, em 1935, ele foi canonizado por ter pago com a própria vida pela fidelidade ao catolicismo. O pensador era muito amigo de Erasmo de Roterdã, que dedicou ao camarada a sua obra mais conhecida, o Elogio da Loucura. More foi uma espécie de discípulo de Erasmo, apesar do amigo ter sido um duro crítico do cristianismo.