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Pompeia – A chuva da morte

Quer uma visão realista do apocalipse? Olhe para Pompeia. A violenta erupção do Vesúvio que arrasou a cidade (e duas outras vizinhas) é uma pequena mostra da completa impotência humana diante das forças da natureza

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h27 - Publicado em 26 Maio 2012, 22h00

Pedro Pracchia

Os primeiros colonizadores de Pompeia eram sanitas, povo que chegou à região no século 5 a.C. Depois de ser integrada ao Império Romano, a cidade passou a receber aristocratas de Roma, que construíam ali luxuosas casas de veraneio, e soldados aposentados que recebiam lotes de terras. Ganhou status. Localizada na Campânia, no golfo de Nápoles, era vizinha da bela “montanha” Vesúvio e das cidades de Herculano e Stabia. Era a maior das três, com população estimada entre 10 mil e 15 mil habitantes. As terras eram férteis e, além do comércio local e do turismo, a economia girava em torno das exportações de azeite e vinho, cujas uvas eram produzidas ao redor do Vesúvio. A partir do século 1 a.C., depois de uma briga frustrada com Roma por mais autonomia política, a cidade teve que adotar o latim como língua oficial. Os deuses de seu panteão eram os mesmos dos romanos.

A sociedade pompeiana era como qualquer outra do Império Romano. A base da pirâmide social eram escravos e plebeus, que trabalhavam para os patrícios e pouco saíam da cidade. Dois teatros eram alimentados com música, poesia e sátiras – mas não eram tão populares quanto as lutas de gladiadores no anfiteatro, pelas quais os torcedores eram capazes de matar e morrer. No pulsante centro da cidade, termas funcionavam 24 horas por dia, e eram ponto de encontro da aristocracia. Esculturas de bronze e mármore e objetos de prata e vidro revelavam o grau de sofisticação artística a que chegaram. Dentro das muitas lojas, inscrições como “salve o lucro” ou “lucro é alegria” eram comuns. Como em qualquer ponto de encontro de novos-ricos, dinheiro era assunto obrigatório. Templos, lavanderias, tinturarias, fábricas de lâmpadas a óleo, padarias, banheiros e edifícios públicos e bordéis com cenas eróticas pintadas na parede completavam o cenário. Pompeia era a menina dos olhos do Império.

Lágrimas de fogo

No ano 63, pouco depois de um boom nas construções de luxo na cidade, Pompeia foi parcialmente destruída por um terremoto. A cidade ainda estava em processo de reconstrução quando, nos primeiros dias de agosto de 79, os moradores ouviram ruídos estranhos e sentiram pequenos tremores de terra. Mas seguiram sua rotina. Na manhã do dia 24 de agosto, uma monumental explosão lançou ao céu toneladas de cinzas, pedras de até 8 metros e gases letais. O Vesúvio acordara de seu sono de 1 500 anos.

Em três dias, Pompeia, Herculano e Stabia foram completamente soterradas. Passaram-se mais 1 500 anos até que vestígios da cidade fossem encontrados, acidentalmente, durante as obras preliminares de um canal ligando o rio Sarno à cidade de Torre Annunziata. As escavações arqueológicas, no entanto, só começariam em 1738 na região de Herculano. Pompeia foi identificada em 1763, quando as primeiras vítimas petrificadas do Vesúvio surgiram e revelaram aos estupefatos arqueólogos um retrato de como era a vida – e como foi a morte – dos moradores de Pompeia.

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CHUVA DE PEDRAS
A erupção do vulcão no dia 24 de agosto de 79 d.C. lança uma chuva intensa de pedras e cinzas sobre a cidade, formando uma camada de 3 metros de altura

ONDA DE CALOR
A segunda fase da erupção foi descoberta recentemente, em análises dos corpos petrificados e retorcidos: uma onda de calor de 600 graus, como uma bomba atômica

GÁS TÓXICO
Uma nuvem de gás tóxico asfixiou quem sobreviveu e quem voltou para procurar pessoas e objetos

LAVA
A erupção cessou depois de três dias. No dia 27, as cidades de Pompeia, Herculano e Stabia estavam completamente soterradas

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