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Os esqueletos “Amantes de Modena” eram dois homens, diz estudo

As ossadas de 1,6 mil anos ficaram famosas por mostrarem duas pessoas enterradas de mãos dadas.

Por Maria Clara Rossini
13 set 2019, 17h28

É difícil imaginar situações que consigam transformar esqueletos em celebridades. Mas, em 2009, foi justamente o que aconteceu.

Duas ossadas foram encontrados na comuna de Modena, no norte da Itália, em um sítio arqueológico. Os responsáveis pela descoberta ficaram surpresos ao notar que os esqueletos tinham sido enterrados na mesma cova, e de mãos dadas. Na época, a mídia e os pesquisadores presumiram que se tratavam de um homem e uma mulher. O nome “Amantes de Modena” pegou quase que imediatamente – e mesmo quem não acompanha de perto as novidades da arqueologia acabou conhecendo as ossadas.

Foi só agora, porém, que os cientistas conseguiram concluir investigações capazes de terminar sexo de cada uma das pessoas enterrada em Modena. E surpresa: o resultado da pesquisa, publicada na Nature, revelou que as ossadas de 1,6 mil anos são pertencentes a dois homens.

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(Museo Civico Archeologico Etnolo/Divulgação)

Os esqueletos estavam não estavam muito bem conservados quando foram descobertos, impossibilitando que os arqueólogos fizessem uma análise genética profunda para determinar o sexo do casal. Até que um grupo de pesquisa da Universidade de Bolonha teve uma ideia diferentes, e chegou no resultado usando uma nova técnica de análise desenvolvida por eles, baseada em duas proteínas presentes no esmalte dos dentes. 

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Uma dessas proteínas, conhecida como Amelx, está presente em indivíduos de ambos os sexos, enquanto a Amely é encontrada apenas em homens. A análise da ossada encontrou as dias proteínas nas duas ossadas, indicando que ambas pertenciam a indivíduos do sexo masculino.

Os pesquisadores usaram essa técnica para determinar o sexo dos Amantes de Modena e de 14 outros esqueletos. Segundo os autores do estudo, é muito provável que os dois indivíduos tenham sido enterrados dessa forma intencionalmente — segurando as mãos e olhando um para o outro pela eternidade.

Esse tipo de sepultura não era incomum. Os “Amantes de Valdaro” também foram enterrados de uma forma parecida há 6 mil anos. A diferença é que esses não se contentaram só com as mãos dadas — eles passaram os seis milênios abraçados.

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Outras duplas já foram encontradas na Grécia, Romênia e Sibéria, mas todas eram compostas por um homem e uma mulher. Esse é o primeiro caso em que dois indivíduos do mesmo sexo são encontrados nessa posição.

A descoberta fez os pesquisadores questionarem a relação entre os dois homens. “Acreditamos que a sepultura representa um relacionamento entre eles, só não sabemos de qual tipo”, diz o pesquisador Federico Lugli ao Rai News.

Agora, ele aposta mais na possibilidade de que os dois indivíduos fossem irmãos, primos, ou tenham morrido juntos em batalha. Ainda pode ser que eles fossem amantes, mas a probabilidade é bem menor. “Na época, [devido às restrições sociais e religiosas] seria improvável que um amor homossexual fosse reconhecido de modo tão evidente pela pessoa que preparou a sepultura”, diz Lugli.

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