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Mosaico erótico saqueado por nazista é devolvido para Pompeia após mais de 80 anos

Entenda o caso – e saiba por que a região tem fama de "amaldiçoar" aqueles que roubam artefatos históricos.

Por Luiza Lopes
16 jul 2025, 19h00

Um antigo mosaico romano, com uma cena erótica que mostra uma mulher seminua prestes a se deitar com um homem, foi devolvido nesta semana ao Parque Arqueológico de Pompeia, na Itália. Ele havia sido saqueado por um capitão nazista durante a Segunda Guerra Mundial.

A obra, feita com pequenas peças de pedra (tesselas) dispostas sobre lajes de travertino, provavelmente decorava o piso de um quarto em uma casa particular da cidade, soterrada pela erupção do Vesúvio no ano 79 d.C.

O painel, datado entre meados do século I a.C. e o século I d.C., passou décadas na Alemanha. O ladrão foi um oficial encarregado da cadeia de suprimentos militares na Itália. Ele o presenteou a um amigo, que o manteve em sua posse até morrer.

A existência da peça só veio à tona quando os herdeiros do falecido entraram em contato com a unidade dos Carabinieri, força policial italiana especializada na recuperação de obras de arte e bens arqueológicos, pedindo orientações sobre como devolvê-la.

Após análise técnica que comprovou sua autenticidade, o mosaico foi oficialmente repatriado com apoio diplomático do consulado italiano em Stuttgart, em setembro de 2023. A entrega formal ao Parque de Pompeia aconteceu nesta terça-feira (15), com a presença do general Francesco Gargaro, comandante do Comando de Tutela do Patrimônio Cultural.

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Embora a origem exata da peça ainda seja desconhecida, arqueólogos acreditam que ela tenha vindo da região do Vesúvio. “Faremos novos estudos e análises arqueométricas para verificar sua autenticidade e reconstruir sua história até onde for possível”, afirmou o diretor do parque, Gabriel Zuchtriegel, em comunicado. “Cada artefato saqueado que retorna é uma ferida que se fecha […] A ferida não diz respeito tanto ao valor material da obra, mas ao seu valor histórico — valor esse que é profundamente comprometido pelo tráfico ilícito de antiguidades.”

Maldição?

De acordo com Zuchtriegel, muitos visitantes devolvem objetos levados indevidamente de Pompeia, por remorso ou superstição. A chamada “maldição de Pompeia” — crença segundo a qual quem rouba algo da cidade será perseguido por má sorte — é frequentemente mencionada em cartas enviadas ao parque por turistas arrependidos.

Em 2024, uma mulher não identificada devolveu pedras-pomes (um tipo de rocha vulcânica) que havia levado do local, acompanhadas de uma carta em inglês. Ela contou que foi diagnosticada com câncer de mama após a viagem e que os médicos atribuíram o caso a “puro azar”.

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“Eu não sabia sobre a maldição”, escreveu. “Não sabia que não podia levar pedras. Sou jovem e saudável. Por favor, aceitem minhas desculpas e essas peças.” A carta terminava com a frase em italiano: “Mi dispiace” (“Me desculpem”).

O diretor compartilhou a carta e uma foto das pedras em suas redes sociais: “Querida remetente anônima… as pedras-pomes chegaram a Pompeia. Agora, boa sorte para o seu futuro — in bocca al lupo, como dizemos na Itália”, escreveu ele, usando uma expressão popular italiana que deseja sorte. À imprensa local, ele acrescentou que furtar objetos de sítios arqueológicos é crime e que todos os casos são comunicados às autoridades.

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Outro episódio semelhante ocorreu em 2020, quando uma mulher canadense chamada Nicole devolveu, pelo correio, fragmentos de cerâmica, peças de mosaico e partes de uma ânfora roubadas em 2005. No pacote, incluiu uma longa carta onde relatava ter sofrido diversos infortúnios após o furto — entre eles, dois episódios de câncer de mama e problemas financeiros. “Sou uma boa pessoa, e não quero passar essa maldição para minha família ou filhos”, escreveu. “Levem de volta, por favor. Eles trazem azar.”

No mesmo envio, havia também pedras devolvidas por um casal canadense que cometeu o mesmo tipo de furto naquele mesmo ano. Eles também escreveram uma carta de desculpas, dizendo que não haviam pensado no sofrimento vivido pelas vítimas da erupção. “Que suas almas descansem em paz”, concluíram. Desde sua criação em 1969, a unidade dos Carabinieri já recuperou mais de 3 milhões de obras e relíquias roubadas em território italiano. 

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