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Max Planck

Ele foi o relutante fundador da teoria quântica, uma revolução científica que ele mesmo queria ter visto abafada

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h15 - Publicado em 8 mar 2013, 22h00

A integridade intelectual tem grande valor entre os gênios. Planck solucionou um dos grandes mistérios da física com um novo conceito – o quantum. Mas, em vez de sentar-se sobre os louros e defender sua criação, ele aguardou por longos anos com a esperança de que estivesse errado e houvesse uma solução melhor que a que engendrara. Não aconteceu, e a revolução quântica tomou conta do mundo.

O alemão, nascido em 1858, mostrou desde cedo grande talento para a música. Mas foi a física que ele decidiu adotar como caminho, a despeito das recomendações de professores, que diziam: “Nesse campo, quase tudo já foi descoberto, e tudo que resta é preencher alguns buracos”.

Um dos buracos que restaram a Planck, aluno da Universidade de Munique que depois se estabeleceu em Berlim, era a compreensão de um problema conhecido como a radiação de corpo negro. O palavrório sinistro em essência significava o seguinte: ninguém sabia prever como a luz se comportava quando irradiada de um corpo negro, um objeto que absorve toda a radiação que incide sobre ele (por isso mesmo, seria escuro).

Até então, a luz era compreendida apenas como uma onda eletromagnética, que se comportava de acordo com as veneradas equações estabelecidas por James Clerk Maxwell. E elas eram literalmente a última palavra sobre o assunto. Contudo, nenhuma aplicação delas permitia que se calculasse direito a tal da radiação do corpo negro, conforme era observada experimentalmente.

Nasce a Teoria Quântica

Planck daria encaminhamento a essa questão, mas por meio de uma abordagem que ele jamais gostaria de ter usado. O alemão percebeu que era possível resolver o problema se ele partisse do pressuposto de que a luz só podia ser propagada como partícula – que ele batizou de quantum.

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Em essência é como se houvesse uma unidade mínima para a radiação luminosa. Ela não podia ter um valor qualquer, mas apenas múltiplos dessa quantidade fundamental. Apesar de ter sido o pai da ideia, Planck a odiava. “Foi um ato de desespero”, escreveu. “Eu estava pronto para sacrificar qualquer uma das minhas convicções anteriores sobre a física.”

O cientista apresentou sua solução em reunião da Sociedade Alemã de Física em dezembro de 1900. Com a virada do século, chegaria a teoria quântica, que colocaria o mundo dos físicos de pernas para o ar.

Enquanto Planck torcia para logo conseguirem uma solução ondulatória para a radiação de corpo negro que colocaria tudo de volta em seu devido lugar, outros cientistas começaram a perceber que o conceito de quantum poderia resolver vários outros problemas. Albert Einstein o usou, em 1905, para explicar o efeito fotoelétrico, descoberto três anos antes. A melhor maneira de explicar como a luz podia deslocar elétrons e criar uma corrente elétrica era tratá-la como uma entidade composta de partículas, como Planck tinha imaginado.

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Mesmo sem gostar da ideia, o alemão recebeu o Prêmio Nobel em Física por seu trabalho com a teoria quântica em 1918. Mas, em vez de ser celebrado na Alemanha, o pesquisador começou a ser perseguido com a ascensão dos nazistas. Acusado de defender a “ciência judia” (na prática, a relatividade de Einstein, que tinha origem judaica), ele teve até sua ancestralidade investigada.

Pior que isso, durante a Segunda Guerra Mundial, a casa de Planck foi destruída completamente, e seu filho Erwin foi acusado de envolvimento numa tentativa de assassinar Adolf Hitler em 20 de julho de 1944 (o episódio narrado no filme Operação Valquíria, com Tom Cruise). Ele acabaria morto nas mãos da Gestapo em 1945. Sem vontade de viver, Planck morreu dois anos depois. Sua revolução, no entanto, viceja até hoje.

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