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Laranja, flores e incenso: pesquisa analisa cheiro das múmias egípcias

Uma equipe de cientistas cheirou nove múmias diferentes e analisou as notas dos odores, como se fossem garrafas de vinho chique.

Por Eduardo Lima
19 fev 2025, 19h00

Há muitas formas de avaliar a conservação de uma múmia. Tecnologias de laser e raio-x permitem que o conteúdo de um sarcófago seja analisado sem sequer abri-lo. Agora, alguns arqueólogos foram além e desenvolveram uma técnica para descobrir o cheiro das múmias do Egito Antigo.

Nove múmias humanas no Museu Egípcio do Cairo tiveram seus aromas analisados por pesquisadores, que conseguiram identificar odores amadeirados e herbais, além de cheiro de fumaça, mofo, pó e até flores.

A pesquisa, que descreve e analisa os odores das múmias, foi desenvolvida por uma equipe internacional de cientistas e publicada no Journal of the American Chemical Society. Esse é o primeiro estudo sistemático sobre o cheiro de várias múmias, de períodos históricos diferentes. Há sarcófagos do Império Novo, que durou de 1550 a.C. até 1069 a.C., e até do fim do período romano, nos séculos 3 d.C. e 4 d.C. Os cheiros mais suaves e terrosos pertenciam às múmias mais recentes.

O pico de popularidade da prática de mumificação aconteceu durante o Império Novo, e as múmias foram caindo em desuso depois disso. Cada uma das nove múmias analisadas no estudo tinham cheiros bem diferentes entre si.

“Sinto uma leve nota de… chulé de faraó”

Os cheiros das múmias oferecem algumas pistas sobre como elas foram preparadas e por quais tratamentos de conservação elas passaram antes de serem colocadas na sepultura. Se as múmias estão num bom estado de conservação, elas podem ser cheirosas – e ter um odor prazeroso era algo essencial na cultura do Egito Antigo.

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A mumificação era uma prática sagrada para enviar os mortos da elite egípcia para o pós-vida, embalsamando os corpos dos falecidos. E não dá para mandar alguém para a vida após a morte fedendo.

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Antes desse estudo, os cientistas analisavam resíduos de substâncias usadas para embalsamar e mumificar os mortos, e encontraram os compostos químicos que emprestavam seu odor à múmia, como mirra ou óleo de cedro. Agora, os cientistas estão focados nos cheiros das múmias que foram preservadas até hoje.

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Para cheirar as múmias, os pesquisadores usaram uma técnica parecida com a que fabricantes de perfume usam para coletar aromas de flores raras. A estratégia consiste em selar o odor a vácuo num cartucho, equipado com polímeros que capturam e conservam as moléculas de odor para análise química posterior.

Os cientistas conseguiram colocar seus dispositivos para captação de odores dentro dos sarcófagos, e separam alguns sacos de ar para que pessoas da Europa e do Egito pudessem fazer um teste olfativo para identificar as notas predominantes dos cheiros, a mesma estratégia usada para vinhos.

Eles identificaram quatro categorias diferentes de odores nas múmias: provenientes dos óleos e ceras de embalsamento, dos óleos de plantas que os conservadores contemporâneos usam para conservar as múmias, dos pesticidas tóxicos que eram usados no passado para conservar esses artefatos e, por fim, alguns cheiros que provavelmente surgiram a partir da degradação de micróbios depois que as múmias foram retiradas de suas sepulturas.

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Uma das substâncias cheira como uma mistura de cera e casca de laranja, enquanto outras podem ter origem em incensos usados durante o ritual de mumificação. Em alguns casos, os pesquisadores não conseguiram descobrir se um odor específico vinha do processo de mumificação ou de tentativas posteriores e mais recentes de conservação.

Descobrir o odor de uma múmia hoje não é só uma curiosidade, e sim uma maneira eficaz de descobrir se o corpo mumificado está em bom estado. Se alguém sentir o cheiro de mofo, já dá para eliminar os fungos antes mesmo que eles fiquem visíveis do lado de fora dos tecidos da múmia.

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