Jarras recuperadas revelam segredos do vinho romano
Pesquisa combinou técnicas de arqueologia, botânica e química para descobrir como era a vinicultura romana - que usava uvas locais e piche importado
Três jarras de vinho, chamadas de ânforas, foram recuperadas do oceano e analisadas, dando aos pesquisadores uma visão das práticas vinicultoras da costa italiana durante o período do século 1-2 a.C.
Ânforas são vasos antigos, com forma geralmente ovalada e duas alças laterais simétricas. Eram feitos de barro e usados para transportar e armazenar líquidos, especialmente vinho – mas também podiam conter água, azeite, frutos secos, cereais e mel.
Essas jarras foram encontradas em 2018, perto do porto de San Felice Circeo, cerca de 90 quilômetros a sudeste de Roma. A pesquisa delas envolveu a combinação de técnicas de análise química com abordagens usadas na arqueobotânica.
Os cientistas usaram diferentes formas e combinações de processos para separar e identificar marcadores químicos – como a cromatografia gasosa e a espectrometria de massas – com o objetivo de identificar os restos orgânicos deixados nos jarros.
Além disso, os pesquisadores procuraram por pólen preso no resíduo. Esse tipo de análise é mais comum, mas não em jarras como as encontradas e raramente com o objetivo de tentar entender o contexto histórico do artefato.
O estudo do pólen revelou que as ânforas eram usadas para fazer vinho tinto e branco, e que as bebidas eram produzidas com plantas locais – embora não esteja claro se elas eram domesticadas ou se seus frutos eram colhidos da natureza.
Vestígios de alcatrão de pinho, uma substância espessa e pegajosa feita a partir da carbonização da madeira de pinheiro, sugerem que ele era usado para impermeabilizar os frascos e talvez até para dar sabor ao vinho. Segundo os pesquisadores, o piche seria obtido de fora da região, provavelmente da Calábria ou da Sicília.
As descobertas em torno do porto de San Felice Circeo incluem uma variedade de outras cerâmicas e artefatos. Os arqueólogos acreditam que a área pode ter sido próxima a um canal romano.
Ao combinar conhecimentos químicos e botânicos com registros históricos e arqueológicos de estudos anteriores em jarras de vinho similares, os cientistas foram além da análise tradicional para investigar a história ampla desses artefatos.
“Se existe uma mensagem a ser retirada deste artigo, é em relação à metodologia multidisciplinar a ser aplicada. Usando diferentes abordagens para desvendar o conteúdo e a natureza do revestimento das ânforas romanas, avançamos ainda mais na compreensão das práticas antigas do que seria possível com uma única abordagem,” relatam.
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