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Ivan, o Terrível: uma família terrível

Viver no século 16 sob o comando de Ivan 4º era dureza: o czar criou uma polícia implacável, matou o próprio filho a cacetadas, assistia à tortura de inimigos na hora do jantar... E a perversidade parecia ser hereditária, como mostra a árvore genealógica do clã.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 21 jan 2023, 15h53 - Publicado em 31 Maio 2012, 22h00

Perdoai os nossos pecados
O Terrível sentia culpa – era um religioso fervoroso, rezava até 5 horas por dia. Arrancava os cabelos, batia a cabeça no chão e mandava listar os nomes dos mortos para que os sacerdotes rezassem por eles.

Outros alvos da fúria de Ivan

• Gatos e cachorros: o Terrível lançava os bichinhos pela janela do Kremlin quando criança.

• Os responsáveis pela construção da catedral de São Basílico: o czar achou a obra tão bonita que mandou cegar os executores para que não erguessem nada igual.

• Moradores de Novgorod: entre 3 mil e 15 mil foram fuzilados quando a polícia procurava dois traidores locais. Do episódio teria surgido a alcunha de “O Terrível”.

Nem tudo foi desgraça
Em 3 gerações, essa dinastia fortaleceu o que viria a ser o Estado russo, anexando territórios. Ivan incrementou o comércio interno, fortaleceu o Exército e fez contatos diplomáticos com outros países.

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ÁRVORE GENEALÓGICA

IVAN 3º (1440-1505)
O vovô “Terrível” era o mais normal da família. Foi crucial para a unificação do Estado russo, semeou o nacionalismo e, em 43 anos de governo, quadruplicou o território. O Kremlin, construído entre 1485 e 1495, é o maior símbolo de sua herança. Mas nem tudo é camaradagem: quem falasse mal do homem era expulso do país.

VASSILI 3º (1479-1533)
Continuou a “obra” do pai expulsando da Rússia 300 famílias que eram pedras no seu sapato. Aproveitou o embalo e exilou sua primeira mulher em um convento – como ela não podia ter filhos, não servia para ele…

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ELENA GLINSKAIA (1510-1538)
Segunda esposa de Vassili, a mãe de Ivan 4º era fria e autoritária. Quando o marido morreu, ela tratou de assumir como regente e de mandar prender o cunhado, Iurii, para que ele não lhe roubasse o trono. Também mandou o tio M. L. Glinskii para o xadrez porque ele estaria mancomunado com a aristocracia russa para derrubá-la.

Ivan 4º, o Terrível (1530-1584)
Ter ficado órfão de pai aos 3 anos e de mãe aos 8 não contribuiu pra que Ivan fosse um cara bom da cabeça. Criado em clima de violenta disputa interna, sendo maltratado pelos boiardos (a aristocracia), o garoto se vingou: ao ocupar o trono, aos 17 anos, não quis ser chamado de grão-príncipe, como o pai, e sim de czar, para se igualar aos césares – ou imperadores – romanos. Cultivava seu sadismo sem constrangimento: gostava de jantar vendo inimigos sendo torturados. Também fortaleceu a Oprichnina, a polícia de 6 mil homens que fazia sua guarda pessoal.

Anastásia Romanova (? – 1560)
Casou-se com o capeta, mas era gente boa: conseguia controlar os ânimos de seu apaixonado Ivan e ainda ajudava os pobres. Seu “grande erro” foi morrer, em 1560: isso causou no marido um surto paranoico do qual ele nunca mais se recuperou.

Elena Sheremeteva (1556-?)
Em 1581, a terceira mulher do primogênito Ivanzinho estava grávida quando ousou aparecer na frente do czar usando apenas um vestido (e não várias camadas deles). A “indecência lhe rendeu uma surra do próprio Ivan 4º que resultou em um aborto.

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IVAN IVANOVITCH (1554-1581)
O filho do Terrível tinha 27 anos quando ocorreu o episódio do aborto de sua mulher, e o rapaz foi tirar satisfações com o pai. Especula-se que ele tenha aproveitado também para criticar a tática militar do velho na região da Livônia (hoje Letônia e Estônia). Pronto: também foi espancado pelo czar com um cetro de metal, agonizou por pouco mais de uma semana e morreu.

FIÓDOR 1º (1557-1598)
O irmão de Ivanzinho jamais tinha sido cotado para o trono por causa de seus distúrbios psicológicos. Mas, na falta do irmão, acabou tendo que herdar a coroa após a morte do czar, em 1584. Só que ele era imprestável: passava o dia rezando e tocando sinos na igreja. Na prática, quem governou foi o irmão de sua mulher, Boris Godunov (1551-1605), que só foi aclamado czar em 1598.

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