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Impossível estourar um só: a saga do plástico-bolha

Como um papel de parede que deu errado originou o melhor amigo do tato.

Por Rafael Battaglia
Atualizado em 7 ago 2023, 11h37 - Publicado em 24 jan 2019, 17h30

Certos instintos são difíceis de resistir: dormir, tomar água, ir ao banheiro… e estourar plástico-bolha. Não tem como evitar, e todo mundo já fez isso pelo menos alguma vez na vida. Mas o que muita gente não sabe é que esse produto, que protege eletrônicos, materiais de construção e as suas compras na internet nasceu por acidente.

Para contar essa história, é preciso voltar para o ano de 1957. Naquela época, o engenheiro americano Alfred Fielding e seu parceiro de negócios, um químico suíço chamado Marc Chavannes, tentavam criar um papel de parede diferente dos outros, mais texturizado.

Durante os testes, eles colocaram duas cortinas de plástico de chuveiro em uma máquina seladora, mas odiaram o resultado: o material tinha ficado cheio de bolhas de ar.

No entanto, eles não descartaram o “erro” logo de cara, e decidiram patentear o produto, que eles chamaram de Bubble Wrap. A dupla, então, começou a testar centenas de aplicações para o recém-nascido plástico bolha. Uma das quase 400 ideias, por exemplo, foi usá-lo em estufas. Não rolou.

Um estouro (de vendas)

Em 1960, eles criaram a Sealed Air Corporation, a empresa que seria responsável por comercializar o plástico-bolha. Ali, eles já haviam decidido que o produto poderia ser usado como material de embalagens, e um dos primeiros clientes que resolveu apostar na novidade foi ninguém menos a IBM, a gigante da tecnologia daquele tempo. Para se ter uma ideia do tamanho da demanda, era como fechar contrato com a Microsoft dos anos 1990, ou com a Apple nos dias de hoje.

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A companhia estava lançando o seu computador IBM 1401, e precisava de um método seguro para que os aparelhos fossem transportados sem danos. O Bubble Wrap foi conquistando adeptos, e pouco a pouco, a maioria das empresas de transporte passou a utilizá-lo. Antes dele, a maneira mais usada para proteger cargas era envolvê-las em papel de jornal – uma aposta bem menos garantia.

A Sealed Air deu um segundo salto em 1971, quando o executivo T.J. Dermot Dunphy assumiu a presidência da empresa. Com ele, a companhia passou de um lucro de US$ 5 milhões para US$ 3 bilhões em 2000, quando ele deixou o cargo. Durante esse tempo, a dupla criadora do plástico-bolha desenvolveu variações com bolhas de todos os tipos, tamanhos e resistência.

Atualmente, a Sealed Air possui produtos de embalagem em outras áreas, como a alimentícia e a hospitalar. Ela emprega cerca de 15 mil funcionários e faturou US$ 4,5 bilhões em 2017. Se hoje você consegue receber suas compras em casa sem que elas quebrem (com o bônus, até, de aliviar o estresse estourando as bolhinhas), agradeça por não terem insistido na história do papel de parede.

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