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Humanos pré-históricos viviam em túneis de lava na Árabia Saudita

Essas cavernas fresquinhas se formam quando a superfície de um rio de lava se solidifica, mas sua porção mais funda continua fluindo por baixo.

Por Caio César Pereira
21 abr 2024, 18h00

Na grande obra de ficção científica Duna, de Frank Herbert, os Fremen, habitantes do planeta desértico Arrakis, sobrevivem ao ambiente hostil e árido vivendo em grandes redes de cavernas esculpidas na pedra, chamadas de Sietches.

De forma parecida, um grupo de pesquisadores acaba de descobrir que comunidades humanas pré-históricas escapavam do calor dos desertos terráqueos vivendo em túneis formados por lava.

No estudo, publicado na revista especializada PLOS One, uma equipe liderada por Mathew Stewart da Universidade Griffith, na Austrália, relata a descoberta de vestígios de atividade humana em um túneis formados por erupções vulcânicas em Harrat Khaybar, no noroeste da Árabia Saudita. Uma das estruturas analisadas tem pelo menos 1,5 km de comprimento e é maior conhecida no país. 

Esses túneis se formam durante a erupção de um vulcão, nos lugares em que passam rios de lava. Quando a parte mais externa desses rios esfria, ela acaba se solidificando, enquanto a rocha derretida continua a fluir por baixo. Depois que a lava acaba de escorrer, sobra o túnel rígido.

Foram encontrados sinais da presença de Homo sapiens que vão de 7 a 10 mil anos atrás, algo razoavelmente recente na história humana (no Oriente Médio e no Leste Europeu, já se praticava agricultura em uma escala razoável nessa época). Dentre os achados, os arqueólogos encontraram ossos de animais, ferramentas de pedra e cerâmica e arte nas paredes.

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De acordo com os pesquisadores, as cavernas são frescas e se mostram um ótimo refúgio do calor quente e seco do deserto: “Isso está transformando nossa compreensão da pré-história da península Arábica”, diz à revista New Scientist Mathew Stewart.

 

 

Além disso, o estudo mostra que o uso de animais de pastoreio, como ovelhas e cabras (registrado pelas pinturas nas paredes), indica que o túnel fazia parte de uma rota, e que possivelmente conectava uma região de oásis a outra.

Para Mike Morley, pesquisador da Universidade Flinders em Adelaide, na Austrália, os túneis representam outro tipo de sistema de cavernas utilizado para a habitação de comunidades humanas, e que pode haver grandes descobertas arqueológicas nos esperando em sítios similares mundo afora. 

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“Essas descobertas representam um tesouro de informações arqueológicas para a Arábia Sayduta, uma região enorme que só recentemente foi investigada sistematicamente para arqueologia pré-histórica.”

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