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Hitler não possuía 1, mas 664 Tesseracts nucleares feitos de urânio

Não era nenhuma Joia do Infinito. E, sim, símbolo de algo muito mais grave: o programa nuclear da Alemanha Nazista.

Por Ingrid Luisa
Atualizado em 3 Maio 2019, 20h45 - Publicado em 3 Maio 2019, 20h37

Uma Alemanha nazista armada com bombas nucleares é uma dos cenários mais temidos da história mundial. Na nossa realidade, isso nunca passou de delírio dos Aliados, mas um recente artigo científico de professores da Universidade de Maryland, EUA, indica que Hitler tinha, sim, acesso a insumos para armamentos nucleares – cubos com um formato bastante similares ao Tesseract, dos Vingadores. Cubos, no plural: 664 deles, maciços, de urânio.

Em meio a Segunda Guerra Mundial, o mundo realmente temia que os nazistas produzissem uma bomba atômica. Foi exatamente essa possibilidade assustadora que estimulou a criação do Projeto Manhattan, o plano nuclear americano criado em 1939 pelo então presidente dos EUA, Franklin D. Roosevelt.

Na verdade, a operação que resultou em Hiroshima e Nagazaki nasceu como uma resposta direta a relatórios preocupados de cientistas (do cacife de Albert Einstein e Leo Szilard), que alertavam para a possibilidade de a Alemanha nazista estar desenvolvendo tecnologia nuclear.

Essa suspeita não era infundada: a fissão nuclear, reação física que permite a explosão de uma bomba atômica, foi descoberta pelos cientistas alemães Otto Hahn, Fritz Strassman e Lise Meitner, que estavam sob o comando de Hitler.

No entanto, nos últimos dias da guerra, as autoridades aliadas viram pela primeira vez os esforços nucleares da Alemanha e descobriram que, em vez de um programa de armas, a equipe liderada pelo físico Werner Heisenberg (sim, o que inspirou o nome de guerra de Walter White) estava construindo um reator nuclear em uma caverna sob um castelo no sudoeste da Alemanha.

Mais de 70 anos depois da guerra, no entanto, um desses objetos apareceu misteriosamente em Maryland, EUA.

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“Extraído do reator que Hitler tentou construir. Presente para Ninninger”. Esses estranhos dizeres estavam escritos em uma nota que veio junto com o artefato, dentro de um saco de pano azul, envolto em toalhas de papel. O físico Timothy Koeth, professor associado de pesquisa da Universidade de Maryland, recebeu a relíquia em um estacionamento em um estranha entrega anônima, em 2013.

A misteriosa aparição do cubo de urânio fez Koeth — um aficionado colecionador de esquisitices radiológicas — e a pesquisadora Miriam Hiebert entrarem em uma profunda investigação para descobrir sua história, como chegou a Maryland e, lógico, onde os seus irmãos cubos de urânio estão escondidos.

“Para mim, este cubo representa uma relíquia do programa que catalisou o Projeto Manhattan e, subsequentemente, armas boas e ruins, energia nuclear, medicina nuclear”, afirmou Koeth. “É o alvorecer de uma nova era na existência humana, quando pela primeira vez, ou temos a capacidade de nos salvar, ou nos destruir completamente.”

O reator de Hitler

O projeto nuclear alemão englobava 664 cubos de urânio (os tais Tesseract de Hitler), cada um mais ou menos do tamanho de um cubo mágico, pesando 2,3 ​​quilos. Quando o III Reich entrou em colapso, acredita-se que os cientistas enterraram os cubos de urânio e fugiram.

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Testes feitos por Koeth e Hiebert indicaram que o cubo nunca estava em um reator funcionando. Ele hoje possui radioatividade muito baixa e pode ser manuseado a mão. A investigação dos pesquisadores também resultou em um achado histórico inesperado: simulações computacionais modernas sugeriram que o estoque de 664 cubos de urânio dos alemães não era suficiente para os cientistas criarem um reator nuclear.

Uma quantidade mínima do elemento, chamada de massa crítica, é necessária para sustentar a cadeia de reações que ocorre em um reator. Para chegar a essa massa, os alemães precisariam de algumas centenas de cubos adicionais. Outro problema detectado é que os nazistas estavam com dificuldades de fabricar água pesada, utilizada para que as reações nucleares aconteçam no interior do reator.

Além disso, os alemães tinha outra desvantagem: a competição interna. “O programa [nuclear] alemão foi dividido e competitivo; enquanto, sob a liderança do general Leslie Groves, o Projeto Manhattan foi centralizado e colaborativo”, disse Hiebert, em comunicado.

Segundo ela, se os alemães tivessem reunido seus recursos, em vez de mantê-los divididos entre experimentos separados e rivais, eles poderiam ter construído um reator nuclear que realmente funcionasse.

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Viagem aos EUA

Mas a dúvida que não quer calar: como o cubo de urânio foi parar em Maryland?

A teoria mais aceita diz que, depois que a Alemanha nazista foi derrotada, os EUA iniciaram a Operação Paperclip, um programa secreto para trazer mais de 1.600 cientistas, engenheiros e técnicos que trabalharam com os nazistas para trabalhar em projetos do governo dos EUA.

É bem provável que eles tenham trazido alguns cubos consigo. O trabalho de pesquisa até especula que os cubos “chegaram às mãos de um ou mais funcionários do Projeto Manhattan como destroços de peso para a guerra”.

Koeth planeja emprestar seu cubo a um museu. Por enquanto, ele está abrigado em uma vitrine portátil e é a joia da coleção de artefatos nucleares de Koeth. Entre outros itens, ele guarda grafite do primeiro reator da Universidade de Chicago, vidro esverdeado de areia fundida por um teste de bomba atômica e vidro de vaselina, material de vidro com infusão de urânio que brilha verde sob luz ultravioleta.

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A dupla agora planeja perseguir os cubos restantes da tentativa de reator de Heisenberg. Eles conhecem o paradeiro de outros dez apenas nos EUA, incluindo um no Smithsonian Institution, em Washington, D.C., e outro na Universidade de Harvard. Mais exemplares, provavelmente, estão espalhados pelos Estados Unidos – como pesos de porta.

Mas vejamos pelo lado bom: pelo menos, não há nenhuma Joia do Infinito escondida dentro deles. Quer dizer, nunca se sabe…

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