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EUA liberam vídeos secretos de testes nucleares na Guerra Fria

Foram feitos 210 testes nucleares entre 1945 e 1962. Agora, um físico está coletando vídeos dessas explosões – gravadas por câmeras de alta velocidade – e pondo tudo no YouTube

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
18 dez 2017, 18h05

Quando o assunto é explosão, nem as indústrias Acme nem MC Kevinho chegam aos pés dos Estados Unidos. Entre 1945 e 1962, o auge da Guerra Fria, as forças armadas ianques fizeram 210 testes nucleares atmosféricos – quase todos ultrassecretos, executados em desertos e ilhas remotas do Pacífico e filmados para análise posterior.

As explosões foram registradas simultaneamente por até 50 câmeras de alta velocidade com capacidade para gerar 2,4 mil frames por segundo – cem vezes mais rápido que as imagens exibidas por uma TV comum, o suficiente para acompanhar o processo em câmera lenta ao melhor estilo Mythbusters.

Essas imagens já foram segredo de Estado e alvo de muita espionagem soviética, mas hoje, meio século depois do mundo quase acabar, se tornaram apenas arquivo morto: 10 mil rolos de filme velho, quase em decomposição. Greg Spriggs, físico do Laboratório Nacional Lawrence Livermore (LLNL), decidiu preservar esse capítulo tenso do século 20, e está resgatando o material para colocá-lo no canal do LLNL no YouTube.

Dos cerca de 10 mil filmes que existem, 6,5 mil foram encontrados por Spriggs, 4,2 mil digitalizados, 750 liberados pelo governo e 125 já estão no ar (veja a playlist). Cada um vem com dados completos: nome do teste, data, altitude e número de identificação. O local, porém, não é informado na maior parte dos casos.

Além de satisfazer a curiosidade do público e ajudar historiadores, os vídeos são uma fonte de informação importante para físicos que estudam armas – e não podem, por motivos óbvios, explodir uma bomba atômica no laboratório para realizar medições (os EUA não fazem um teste do tipo desde 1992). Briggs precisou apelar para os registros originais quando percebeu que as contas que fazia em sua mesa, usadas para simular explosões no computador, não batiam com os dados colhidos na época em que os testes reais eram feitos.

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Por causa da tecnologia da época, muitas medições eram feitas na base do famoso “olhômetro”, o que gerava discrepâncias de até 30% entre os valores calculados e os reais.

“O tanto de energia que é liberada é simplesmente inacreditável”, afirmou Spriggs em comunicado oficial. “Eu espero que armas nucleares nunca mais sejam usadas. Eu acho que se nós registrarmos essa história e o tamanho da devastação que essas armas podem causar, talvez as pessoas se tornem mais relutantes em usá-las.”

Abaixo, a playlist completa. O primeiro filme é uma entrevista com Spriggs, as explosões começam no segundo.

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