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Escavações em Pompeia dão detalhes sobre o método de construção romana

Eles erguiam seus edifícios com um tipo de cal conhecido como mistura quente, que encurtava o tempo das obras. Veja como era feito.

Por Caio César Pereira
30 mar 2024, 18h00

Construções antigas que permaneceram de pé por milhares de ano, como o Coliseu e o Panteão, fascinam pela sua conservação e longevidade. Agora, uma descoberta em um canteiro de obras em Pompéia pode dar algumas pistas de como era a construção civil romana.

Localizada ao sul da Itália, Pompéia é onde aconteceu a famosa erupção do Monte Vesúvio, em 79 d.C. Segundo os arqueólogos que participaram da descoberta, é provável que o canteiro tenha sido ativo da lava e da destruição da cidade.

Os pesquisadores encontraram evidências de obras ainda em andamento, e descobriram itens de construção como tijolos, telhas empilhadas, pedras, enxadas, prumos, ânforas e cal (usada para fazer argamassa). Os materiais foram encontrados no resquícios de algumas casas, em cômodos antigos, como o tablinum e o lararium (sala de recepção e altar, respectivamente).

O estudo veio de uma parceria entre Parque Arqueológico de Pompéia e uma equipe de especialistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos EUA. De acordo com eles, a cal encontrada era fruto de uma técnica romana para fazer cimento chamada de mistura quente.

Funciona assim: a cal (óxido de cálcio, também chamado de “cal viva”) era pré-misturada ainda quente com pozolana seca (um tipo de sílica oriunda de cinzas vulcânicas, encontrada próximas ao Vesúvio). Só momentos antes de aplicar a massa na parede é que os construtores romanos adicionavam água na mistura. 

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A reação térmica fazia com que a massa ainda estivesse quente quando aplicada na parede, o que tornava mais rápido o processo de secagem e, consequentemente, de construção.

Geralmente, a cal é misturada com água bem antes. Pedras e outros materiais são adicionados depois. Isso forma o composto conhecido como cal apagada (ou hidróxido de cálcio), que, segundo os pesquisadores, foi utilizada como reboque para as paredes, assim como fazemos hoje.

Para Gabriel Zuchtriegel, diretor do parque, a descoberta mostra a importância que o cimento tem nas construções da antiguidade, e como, mesmo após destruída, a cidade de Pompéia continua a nos oferecer oportunidades de se estudar elementos do passado.

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“É mais um exemplo de como a pequena cidade de Pompéia nos faz entender tantas coisas sobre o grande Império Romano, especialmente o uso do cimento. Sem cimento, não teríamos nem o Coliseu, nem o Panteão, nem os Banhos de Caracalla”, disse em comunicado à imprensa.

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