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Erros em cascata

Infra-estrutura precária, estresse, interferência de rádio e mau inglês provocaram o acidente aéreo com maior número de mortos já registrado

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h16 - Publicado em 2 fev 2013, 22h00

Álvaro Oppermann

Acidente aéreo
Tenerife – 1977 – 583 mortos  – 61 feridos

Os dois controladores de voo do aeroporto de Los Rodeos, em Tenerife, liam jornal, sem ter muito o que fazer. Era 27 de março de 1977, e a tevê anunciava a transmissão de um jogo entre Real Madrid e Real Sociedad. Apesar de ser a maior ilha do arquipélago das Canárias, perto da costa do Marrocos, Tenerife não tinha a importância da vizinha Las Palmas de Gran Canária, sede do maior aeroporto da região.

Por volta das 11h30, o telefone tocou. Uma bomba havia explodido no aeroporto de Las Palmas e todos os voos seriam desviados para Tenerife. Cinco aviões de grande porte pousaram ali. Entre eles, dois Boeing 747, um da americana Pan Am e outro da holandesa KLM. Às 17h, a trombada entre os dois provocaria o maior acidente da história da aviação comercial.

Às 16h58 a torre de comando autorizou o Boeing da KLM a se movimentar na pista para decolar. Ao fundo, ouvia-se o barulho da TV ligada no futebol. No plano dos controladores, os aviões partiriam, um a um, na pista única de decolagem. Os demais aguardariam sua vez nas pistas auxiliares. Deu tudo errado. Com a neblina, a pista não podia ser avistada da torre. O capitão Jacob van Zanten, da companhia holandesa, posicionou a aeronave para partir. Mas o 747 da Pan Am, sob o comando do capitão Victor Grubbs, ainda estava na pista principal.

No KLM, o copiloto Klaas Meurs voltou a contactar a torre. “Nós damos autorização para partida”, respondeu o espanhol. Em inglês, a frase soou ambígua. O termo utilizado, “takeoff clearance”, se referia somente aos preparativos para decolagem. A equipe holandesa entendeu que estava autorizada a levantar voo. Os capitães e a torre começaram a se comunicar por rádio ao mesmo tempo. Ninguém se entendia. O Boeing da KLM chegou a decolar, mas acertou o avião americano, foi ao chão, derrapou por 300 m e explodiu. Minutos depois, o modelo da Pan Am gerou uma bola de fogo de 600 m.

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A tragédia fez a indústria padronizar a comunicação entre a torre e os pilotos. Desde então, as regras do Controle de Tráfego Aéreo internacional proíbem a palavra “takeoff” na comunicação em solo, a não ser quando usada explicitamente para a ordem final de decolagem.

Brasil, 154 mortos

O país também tem sua história de trombada, mas no ar. Foi em 29 de setembro de 2006, quando um Boeing 737 da Gol desapareceu entre Manaus e Brasília. O avião tinha sido atingido no ar pela asa de um jato Embraer Legacy 600. O jato fez um pouso de emergência. Já o Boeing caiu na Serra do Cachimbo (PA). Em maio de 2011, os dois pilotos do Legacy, Joseph Lepore e Jan Paul Paladino, foram condenados no Brasil, em primeira instância, a 4 anos e 4 meses de prisão. Nos Estados Unidos, a sentença foi convertida em prestação de serviços pelo mesmo período.

Japão, 520 mortos

O maior acidente aéreo envolvendo uma única aeronave foi consequência de problemas mecânicos. Em 12 de agosto de 1985, um Boeing 747 da Japan Airlines caiu perto do monte Osutaka, a 100 km de Tóquio. Apenas 4 mulheres sobreviveram, incluindo duas crianças. Outras pessoas resistiram à queda, mas morreram esperando pelo resgate. A aeronave tinha problemas antigos de manutenção, que se manifestaram 12 minutos depois da decolagem. Assim que ela alcançou o voo de cruzeiro, os sistemas hidráulicos entraram em colapso. Enquanto o Boeing ficava sem oxigênio, os pilotos tentavam evitar que ele oscilasse sem rumo. Com máscaras no rosto, os passageiros, na maioria famílias que aproveitavam um feriado, tiveram 32 minutos para escrever bilhetes de despedida.

 

Boeing contra Boeing
As duas aeronaves estavam em solo. Sob forte neblina, uma acertou a outra durante a decolagem

1. O avião da KLM é autorizado a iniciar os procedimentos de decolagem. Enquanto isso, o aparelho da Pan Am se movimenta para deixar a pista principal e dar passagem.

2. Antes que o avião da Pan Am termine a manobra, o capitão da KLM entende que pode decolar. Quando vê o colega vindo em sua direção, o comandante americano grita: “Sai, sai, sai!”

3. A aeronave da Pan Am tenta sair da pista na direção do gramado. O da KLM consegue decolar, mas não atinge altura suficiente. As turbinas arrancam o teto do modelo americano.

 

 

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