Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

Como o escritor Victor Hugo salvou a catedral de Notre-Dame

No século 19, o local estava largado às traças – mas o livro "O Corcunda de Notre-Dame", publicado em 1831, virou o jogo.

Por Maria Clara Rossini
Atualizado em 25 fev 2021, 14h17 - Publicado em 16 abr 2019, 19h51

Em 2019, a catedral de Notre-Dame, em Paris, passu por um dos piores momentos de sua história. O incêndio do dia 15 de abril destruiu grande parte do telhado, além de ter resultado no desmoronamento da “flecha”, a torre mais alta da igreja.

Pelo tamanho da tragédia, fica difícil acreditar que ela já passou por momentos tão graves quanto esse. Mas já passou – e foi até ameaçada de demolição.

Na década de 1790, durante a Revolução Francesa, Notre-Dame foi muito danificada. Imagens religiosas e a arquitetura gótica foram vandalizadas pela população. Esculturas de reis localizadas dentro da igreja foram decapitadas. Notre-Dame representava a combinação entre religião e monarquia, ideais contrários ao Iluminismo e à Revolução.

Em 1793, a catedral se transformou em um templo do Culto da Razão, uma nova “religião” que pretendia substituir a Igreja Católica com os ideais republicanos franceses. Ela também foi usada para produção e armazenamento de armamentos.

Apesar de ter sido fundamental para o desenvolvimento da democracia como conhecemos hoje, a Revolução não foi misericordiosa com a catedral. Ao final desses acontecimentos históricos, Notre-Dame encontrava-se em estado deplorável. Nessas condições, surgiu um projeto que pretendia derrubar a catedral e usar suas partes para a construção de outras estruturas.

Continua após a publicidade

Foi aí que o jogo virou. Em 1829, Victor Hugo começa a escrever Notre-Dame de Paris, um dos maiores clássicos da literatura francesa. Uma tradução equivocada levou o livro a ser lançado posteriormente sob o título The Hunchback of Notre-Dame em inglês – e, consequentemente, O Corcunda de Notre-Dame em português.

O corcunda nunca foi o personagem principal da história. O título em inglês e as versões cinematográficas do livro criaram tal protagonismo no imaginário popular. Apesar disso, Victor Hugo não poderia ter deixado mais claro o protagonista da obra: é a catedral de Notre-Dame.

O autor era fascinado pela arquitetura gótica. Ele dedica dois longos capítulos do livro somente à descrição das abóbadas, gárgulas, vitrais e cada mínimo detalhe da catedral. A obra denunciou a negligência e degradação do local histórico e despertou o olhar do público à beleza da construção.

Continua após a publicidade

Apesar de ter sido escrita no século 19, a história se passa em 1482. Ela retrata a sociedade parisiense que vive ao redor de Notre-Dame, desde os moradores de rua até a elite, com foco nos famosos personagens: Esmeralda, a cigana; Claude Frollo, o arquidiácono; e Quasímodo, o deformado tocador de sinos.

A popularização da obra combinada às descrições sobre a imponente Notre-Dame do século 15 fez com que os franceses fizessem pressão pedindo a renovação da igreja. Somado a isso, Victor Hugo ainda escreveu uma carta denominada Guerra aos Demolidores, em que ele defendia a preservação da arquitetura medieval de Paris.

Assim, a catedral passou por um processo de restauração que durou 20 anos, de 1844 a 1864. Os arquitetos Eugène Viollet-le-Duc e Jean-Baptiste Lassus foram os responsáveis por dar a “cara” de Notre-Dame que conhecíamos, e ela logo se tornou um fenômeno turístico. Se hoje podemos lamentar o incêndio da catedral, é porque lá atrás esse autor francês garantiu que ela permanecesse de pé.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.