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Cientista forense diz ter identificado ossos de Amelia Earhart

Earhart, a primeira mulher a cruzar o Atlântico de avião, desapareceu em um acidente misterioso em 1937. Agora, um cientista forense analisou um esqueleto encontrado em uma ilha remota há mais de 80 anos. E ele tem 99% de chance de ser da aviadora.

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
8 mar 2018, 15h29

Amelia Earhart foi a primeira mulher a cruzar o Atlântico pilotando um avião sozinha, em 1928. Virou lenda e se tornou um símbolo da luta pela igualdade de gênero. Em 1937, tentou dar uma volta ao mundo pelo ar, mas se acidentou e caiu em um ponto isolado do Pacífico. O motivo da queda ainda é um mistério, e seu corpo não foi encontrado até hoje.

Ou será que foi? Em 1940, ossos humanos apareceram em um atol de corais desabitado chamado Nikumaroro, pertencente à república de Kiribati. Todo mundo pensou que eles fossem da aviadora. Mas análises e medições feitas pelo médico D. W. Hoodless com os métodos mais avançados disponíveis na época revelaram que eles, na verdade, haviam pertencido a um homem.

80 anos depois, o antropólogo forense Richard Jantz, da Universidade do Tennessee, decidiu dar uma nova chance aos velhos ossos, e refez a análise usando técnicas modernas para confirmar ou refutar as conclusões tiradas pela perícia na época do acidente. “As ciências forenses não estavam bem desenvolvidas no começo do século 20”, afirma o artigo científico publicado ontem. “Hoodless fez o que qualquer analista teria feito em seu tempo, mas isso não significa que a análise está correta.”

Uma das técnicas usadas por Jantz foi analisar fotos de Earhart viva para conseguir aproximações bastante precisas do tamanho de seus ossos – o que envolve comparar o comprimento de suas pernas e braços com o de outros objetos que aparecem próximos a ela nas imagens. Outra sacada interessante foi chamar uma costureira profissional para analisar as roupas de Earhart e inferir medidas como quadril e cintura.

Depois, as medidas alcançadas por meio de análises como essas foram inseridas em um programa de computador, que fez comparações tanto com os ossos que supostamente são de Earhart quanto com ossos aleatórios, disponíveis em um banco de dados. Bingo: calhou que o esqueleto que supostamente é da aviadora dá match com as características de seu corpo mais do que 99% dos demais esqueletos analisados. “A não ser que depois apareçam evidências definitivas de que estes restos mortais não são os de Amelia Earhart, o argumento mais convincente é de que sim, eles são dela”, declarou Janzt em comunicado.

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É sempre bom reforçar que, por melhor que seja o estudo, atribuir ossos a pessoas não é uma ciência exata. O que Jantz confirmou é que há uma grande possibilidade estatística de que o esqueleto seja da aviadora. Essa hipótese é reforçada pelo fato de que quando esses restos mortais foram encontrados, em 1940, eles estavam acompanhados de objetos que sabidamente foram levados a bordo do avião durante a expedição, como a caixa de um instrumento de navegação de seu co-piloto e uma garrafa de licor francês Bénédictine.

Em outras palavras, estamos cada dia mais próximos de descobrir o real paradeiro de Earhart. E é claro, de derrubar uma longa lista de teorias da conspiração sobre sua morte – como a de que ela teria sobrevivido e sido sequestrada por militares japoneses às vésperas da Segunda Guerra Mundial. Haja imaginação. 

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