Catolicismo – Papas do pau oco
Bento 16 é o 266° papa da história. Entre ele e Pedro, discípulo de Jesus que inaugurou a sucessão, foram quase 2 mil anos de pontífices de todos os temperamentos. Alguns deles indignos do tratamento de vossa santidade
ESTEVÃO 7º – 896-897
NEM DEFUNTO ELE PERDOAVA
Permitiu que o corpo de Formoso, seu antecessor, fosse desenterrado para ser julgado por crimes políticos. O cadáver foi posto no banco dos réus, ouviu as acusações e, para nenhuma surpresa do tribunal, manteve-se em silêncio. No fim da audiência, o morto foi condenado, perdeu os títulos e teve o corpo lançado ao rio Tibre, em Roma.
JOÃO 12 – 955-964
O PERVERTIDO
Teria castrado um de seus cardeais e cegado outro. Dormia com prostitutas e gastava a grana do dízimo em joguinhos de dados. Muito se propagou que ele foi pego pelo marido da amante e assassinado a marteladas, mas não há documentos que confirmem a versão.
URBANO 2º – 1088-1099
O BÉLICO
A mando dele, em 1095, os conflitos internos na Europa foram interrompidos. E todos os guerreiros rumaram para Jerusalém na primeira Cruzada em uma investida para reconquistar a Terra Santa, ocupada por muçulmanos. No ano seguinte, até camponeses tiveram que entrar na empreitada. Mas a derrota, na Turquia, foi inevitável.
INOCÊNCIO 3º – 1198-1216
O IMPLACÁVEL
Piada pronta: a inocência passava longe desse papa. Ele convocou o 4º Concílio de Latrão, em 1215, para dar um basta na ousadia dos cátaros, que resolveram negar a autoridade do papa e contestar os dogmas. Ordenou uma Cruzada para assassinar os membros da seita e intensificou a guerra contra quem saísse da linha da fé católica. A cama para a criação da Inquisição pelo seu sucessor, Gregório 9º, estava feita.
XISTO 4º – 1471-1484
O ANTISSEMITA
Ele autorizou Isabel de Castela e Fernando de Aragão, os reis católicos da Espanha, a instalar em 1478 o Tribunal da Santa Inquisição e a perseguir os cristãos novos, aqueles judeus já convertidos ao cristianismo. O dinheiro confiscado dos prisioneiros serviu para financiar guerras contra os mouros.
PIO 11 – 1922-1939
O NEGOCIADOR
Foi ele quem recebeu o fascista Benito Mussolini em 1929 no Palácio de Latrão, em Roma, para fechar um acordão: em troca do apoio do papa ao regime facista, seria criado um Estado politicamente independente para os católicos, o Vaticano. Ao legitimar Mussolini, a Igreja ainda recebeu 1,75 bilhão de liras como indenização por terras perdidas com a unificação da Itália, em 1870.
O PAPA DE HITLER?
PIO 12, QUE ASSUMIU EM 1939, É ACUSADO DE OMISSÃO EM RELACÃO ÀS ATROCIDADES NAZISTAS. NÃO HÁ VEREDICTO ENTRE OS ESTUDIOS BRE SUA POSTURA NOS BASTIDORES. MAS A POLÊMICA É ACIRRADA:
• O jornalista inglês John Cornwell, autor do livro O Papa de Hitler, defende em seu livro a aversão da autoridade aos judeus;
• A má fama vem dos anos 1960, quando a peça de teatro O Vigário, dirigida em Berlim por um diretor de prestígio na época, Erwin Piscator, retratou Pio 12 como frio e egoísta. Também acusou-o de manter um acordo tácito com os nazistas – versão endossada ainda hoje pelos sobreviventes do Holocausto;
• E m O Holocausto, Pio 12 e seus Aliados, o historiador Joaquim Blessman diz que as acusações contra o pontífice são falsas e afirma que “na 2a Grande Guerra e por quase 20 anos após seu término, Pio 12 era conhecido como o ‘Papa da Paz’, defensor de perseguidos e mortos pelo regime nazista”;
• Albert Einstein, judeu, escapou por pouco da vingança do Führer ao se mudar para os EUA em 1933 e agradeceu Pio 12 por ajudar a salvar seu povo da morte;
• Em seu único discurso com menção ao assunto, no Natal de 1942, Pio 12 proferiu: “A humanidade deve esse voto às centenas de milhares de pessoas que, sem qualquer culpa pessoal, às vezes apenas por motivo de sua nacionalidade ou raça, estão marcadas para a morte ou extinção gradativa”.