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Parte 3: Atração

Ainda escolhemos parceiros como faziam nossos ancestrais primatas, mas hoje levamos em conta muito mais do que um tórax avantajado ou um corpo violão. Com a democratização da beleza e a mudança de papéis de homens e mulheres na sociedade,a seleção sexual ganhou mais contornos.

Texto: Luiza Sahd e Marcia Kedouk | Edição de Arte: Fernando Pires
Design: Andy Faria | Ilustrações: Espaço Ilusório

Onde os fracos têm vez

Tórax e bíceps avantajados continuam fazendo o maior sucesso, mas a ciência mostra que há lugar para os fracotes. E isso não é de hoje. Quando nossos ancestrais viviam em bando, os machos que dominavam o grupo, geralmente os mais fortes, conseguiam ter mais mulheres.

Os menos favorecidos fisicamente encontravam outro jeito de conquistar uma parceira e garantir a procriação. Por exemplo, dedicando atenção especial a uma delas e oferecendo todo o alimento de que a moça precisasse. A escolhida retribuía o gesto sendo fiel ao provedor tão dedicado.

Esse comportamento pode ter dado início a uma revolução sexual em que as mulheres passaram a valorizar a capacidade masculina de satisfazer suas necessidades, em vez de olhar apenas para os que geram filhos fortes e saudáveis. Essa é a tese defendida por Sergey Gravilets, professor de biologia evolutiva da Universidade do Tennessee, que estudou hipóteses para explicar o surgimento da monogamia na nossa espécie. Outro trabalho, da Universidade Princeton, baixa a bola dos machos alfa.

<strong>Homens franzinos tendem a ser mais leais, confiáveis e generosos do que os fortões, dizem estudos.</strong>
Homens franzinos tendem a ser mais leais, confiáveis e generosos do que os fortões, dizem estudos. (Espaço Ilusório/Superinteressante)

Durante nove anos, pesquisadores mediram os hormônios testosterona e glicocorticoides, relacionados ao estresse, de 125 babuínos – além de serem geneticamente parecidos com os seres humanos, eles também se organizam socialmente de forma bem complexa. Descobriram que os machos dominantes são mais estressados do que os outros, em qualquer situação – mesmo quando estão aparentemente tranquilos. É que ser o líder do bando exige esforço constante para defender o posto, para o caso de algum espertinho querer ocupar a vaga.

Para os cientistas, as mulheres percebem o estresse constante dos homens como um ponto contra, já que manter o corpo operando sempre em alta voltagem pode levar a doenças como hipertensão, câncer e males do coração. Nesse caso, por ironia do destino, preferir o fortão pode significar escolher um parceiro menos saudável.

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Os opostos se atraem… até certo ponto

Já ouviu falar em complexo principal de histocompatibilidade (CPH)? É um grupo de genes que rege os sistemas imunológico e reprodutivo e dá características únicas, por exemplo, ao cheiro e ao gosto da saliva. É por isso que, só de ficar perto de alguém ou de dar um único beijo, você já sabe se rolou ou não química. Por química, entenda o seguinte: CPHs diferentes geram descendentes com mais resistência a doenças. Quanto maior o grau de parentesco, mais parecido é o CPH.

<strong>As semelhanças físicas funcionam como afrodisíacos.</strong>
As semelhanças físicas funcionam como afrodisíacos. (Espaço Ilusório/Superinteressante)

Isso explica por que não sentimos desejo sexual por pessoas da família e dá razão ao ditado “os opostos se atraem”. Mas tem um detalhe nessa história. Para dar liga, é preciso ser diferente, sim; mas compatível. Um estudo canadense concluiu que priorizamos relacionamentos com pessoas que têm personalidade, comportamento e até traços físicos semelhantes aos nossos. Um dos motivos é que temos mais empatia, compreensão e solidariedade com quem é parecido com a gente.

Uma barba e um violão, uma blusa da cor da paixão

Elas preferem os barbudos, diz uma pesquisa da Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália. Se forem artistas, melhor ainda. Um estudo realizado com 425 mulheres e homens britânicos revelou que os tipos criativos, como os músicos, conseguem mais parceiros sexuais do que os profissionais de outras áreas, porque tendem a expressar melhor as emoções.

<strong>Se você tem tentado, sem sucesso, se dar bem na conquista, siga uma destas estratégias comprovadas pela ciência.</strong>
Se você tem tentado, sem sucesso, se dar bem na conquista, siga uma destas estratégias comprovadas pela ciência. (Max/Shutterstock)

Se usarem vermelho, então… Na Universidade de Rochester, nos EUA, cientistas mostraram que homens que vestem vermelho são mais atraentes. Inconscientemente, as mulheres relacionam a cor ao poder e acreditam que quem a usa tem maior habilidade para ganhar dinheiro.

Três dicas científicas de paquera

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Aprenda alguma arte • Artistas têm, em média, o dobro de parceiros sexuais do que profissionais de outras áreas.

Use vermelho • Homens que vestem vermelho e mulheres que usam batom dessa cor são mais desejáveis.

Não faça a barba • Mulheres se interessam mais por homens que não fazem a barba por cerca de dez dias.

Dinheiro na mão é afrodisíaco

Nas comédias românticas, o parceiro ideal é quase sempre uma figura impulsiva e idealista, que gasta o que não tem para provar seu amor. Na vida real, ao que parece, a dinâmica da conquista é bem diferente. Um estudo realizado na Universidade de Michigan mostra que homens e mulheres preferem parceiros mais comedidos e financeiramente precavidos.

<strong>Poupar a grana pode ser mais irresistível do que aparecer com flores ou vestido novo.</strong>
Poupar a grana pode ser mais irresistível do que aparecer com flores ou vestido novo. (Espaço Ilusório/Superinteressante)

Durante o experimento, voluntários viram fotos de pessoas com beleza mediana, acompanhadas das palavras “gastadores”, “equilibrados” ou “poupadores”. Os mais econômicos foram considerados os mais atraentes, porque aparentavam ter autocontrole e, assim, ser capazes de manter um relacionamento estável.

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Darwin repaginado

Desde a Idade da Pedra, o que consideramos belo são características que refletem fertilidade e saúde. Mas a modernidade democratizou o desejo – e os menos favorecidos pela genética podem se dar tão bem quanto Apolos e Afrodites.

ELAS

Olhos grandes • São sinal de jovialidade e fertilidade. Com os anos, eles diminuem em até 35%.
Lábios grossos • A quantidade de hormônios femininos determina a distribuição de gordura pelas partes do corpo, como quadril, seios e lábios. Angelinas Jolies são símbolo de feminilidade.
Seios grandes • Revelam boas doses do hormônio estradiol, relacionado com a fertilidade.
Quadril mais largo do que a cintura • Mulheres que têm a cintura medindo 70% do quadril são as mais desejadas.

Lápis e máscara para cílios • A maquiagem pode criar a percepção de que os olhos são maiores.
Batom • Homens ficam vidrados em bocas com batom, que parecem mais viçosas.
Seios muito grandes • O implante de silicone nos seios é a segunda cirurgia plástica mais procurada do Brasil. O volume médio das próteses é de 305 ml.
A roupa certa • Disfarçar gorduras extras e valorizar os atributos podem produzir o mesmo efeito visual conseguido pela genética.

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ELES

Voz grave • A voz grave também indica altos níveis de testosterona, o hormônio da masculinidade.
Maxilar quadrado • Indício da presença de mais testosterona no organismo – por isso, a associação imediata com a virilidade.
Tórax grande • Símbolo de força para caçar, coletar alimentos e defender a prole.
Liderança • Comandar o bando sempre foi um jeito de mostrar para as fêmeas quem é o melhor provedor.

Senso de humor • Se você não tem um vozeirão, seja pelo menos bem-humorado. Um estudo americano concluiu que os brincalhões aparentam ser mais jovens.
Traços femininos • A força bruta vem cedendo espaço para a carinha de bebê: homens com traços suaves transmitem a ideia de que são mais atenciosos e têm habilidades emocionais mais desenvolvidas.
Poder • Como o homem de hoje não precisa trazer um gnu quando volta para casa, os bem-sucedidos na carreira competem de igual para igual com os fortões. Eles transmitem segurança, porque são capazes de sustentar a família.
Dedicação • Estudos mostram que as mulheres passaram a valorizar mais os homens que se esforçam para satisfazer as necessidades delas, mesmo que o cara não seja o líder do grupo. Além disso, os machos alfa são vistos como infiéis.

Ser atraente pode indicar que você tem outras vantagens competitivas

Beleza e bom desempenho nos esportes são características que revelam mais do que coincidências, segundo pesquisadores da Universidade de Zurique. Eles mostraram a 816 participantes – 72% eram mulheres e 28%, homens – fotos do rosto de ciclistas que participaram da prova Tour de France em 2012.

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O vencedor do torneio daquele ano não foi incluído. Além de atribuir notas de um a cinco em relação à atratividade, simpatia e masculinidade dos atletas, os voluntários responderam se sabiam quem era cada ciclista e se tinham conhecimento do resultado que eles conseguiram na competição. Se a resposta fosse “sim”, a nota era descartada, para eliminar qualquer conceito prévio que pudesse existir sobre eles – e que, portanto, influenciasse a análise.

<strong>Esportistas bonitos são mais eficientes do que os outros. É o que diz a ciência.</strong>
Esportistas bonitos são mais eficientes do que os outros. É o que diz a ciência. (Espaço Ilusório/Superinteressante)

Depois de comparar os resultados, os cientistas observaram que os competidores mais bem colocados na prova foram considerados 25% mais atraentes do que os que chegaram nas últimas posições. As mulheres que tomavam anticoncepcionais e os homens ranquearam os ciclistas de forma semelhante, atribuindo notas parecidas. No quesito atratividade, as que não usavam a pílula deram pontuações bem mais generosas aos bem-sucedidos na Tour.

PERGUNTAS & RESPOSTAS

Homens comprometidos são mais atraentes para as mulheres?
Inconscientemente, sim, porque é como se viessem com selo de qualidade: se outra mulher aprovou, sinal de que o cara manda bem e não está só em busca de aventuras, já que é capaz de levar adiante um relacionamento sério.

Uma pesquisa da Universidade de Oklahoma comprovou a tese com 184 voluntários heterossexuais. Primeiro, eles foram divididos entre solteiros e comprometidos e informados de que um programa de computador calcularia qual seria o par ideal, baseado nos pré-requisitos que cada um mencionou.

Depois, olharam a foto do tal candidato perfeito. Mas aí veio a pegadinha: todas as mulheres receberam a imagem do mesmo homem; e todos os homens, da mesma mulher. A única diferença foi que, para a metade de cada grupo, os pesquisadores disseram que aquela pessoa era casada. Para a outra metade, que estava livre e desimpedida.

Resultado: 59% das que estavam sozinhas e foram informadas de que o bonitão era solteiro disseram que ele era atraente. Entre as disponíveis que souberam que o cara era casado, 90% se interessaram. Para as mulheres que já tinham namorado ou marido e para os homens, não houve diferença significativa entre as porcentagens.

Por que homens e mulheres têm opiniões diferentes sobre o que é bonito?

Beleza, no sentido científico da palavra, está relacionada aos instintos. Homens podem achar uma mulher-fruta irresistível, já que cintura muito mais fina do que o quadril é símbolo de fertiidade, mas a ala feminina pode considerar a magérrima atriz Keira Knightley, de Piratas do Caribe, muito mais incrível. O site de beleza britânico Escentual pediu aos seus usuários que montassem a face da mulher perfeita. Veja no que deu.

1 Na visão dos homens, ela deve ter o cabelo da Shakira, a testa da Jennifer Aniston, os olhos da Mila Kunis, a boca da Angelina Jolie e o queixo da Megan Fox. O resultado é uma figura sexy.
2 Na visão das mulheres, ela deve ter o cabelo da Freida Pinto, a testa da Natalie Portman, os olhos da Mila Kunis, a boca da Scarlett Johansson e o queixo da Megan Fox. O resultado é harmônico.

Por que não conseguimos parar de olhar para as pessoas lindas?

Porque elas são como cocaína. Pelo menos para o cérebro. Estudos realizados na Universidade Harvard apontam que o ato de olhar para uma pessoa atraente ativa o sistema de recompensa cerebral, que regula a relação com o prazer. Então acontece a liberação de dopamina, causando euforia, o desejo por mais e mais – e a inconveniência de ficar vidrado em alguém desconhecido.

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