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A Alice (do País das Maravilhas) foi uma menina de verdade?

Foi: tinha 7 anos e era a musa de Carroll, com 31. Ele gostava de fotografar crianças – e quase com certeza era um pedófilo.

Por Anna de Oliveira
Atualizado em 5 nov 2019, 14h38 - Publicado em 24 jun 2010, 22h00

O que você faria se a sua filha de 7 anos estivesse muito amiga de um esquisitão de 31, fazendo com ele demorados passeios de canoa e posando para seus retratos artísticos?

Em vez de chamar a polícia – como faria qualquer pessoa normal – a mãe de Alice Pleasance Liddell incentivou seu relacionamento com Charles Dodgson, um escritor que assinava como Lewis Carroll. E a menina acabou sendo a musa inspiradora dos clássicos Alice no País das Maravilhas (1865) e Através do Espelho (1871) – este, inclusive, termina com um poema em que as primeiras letras de cada estrofe formam o nome da menina.

Até hoje não é claro o que exatamente estava rolando entre a menina e o escritor. Especula-se, obviamente, que Dogson (ou Caroll) fosse pedófilo. Ele era conhecido por fotografar crianças de longe em parques e calçadas – e, mais recentemente, curadores de um museu na França encontram um nu frontal de uma pré-adolescente feito pelo escritor. Atualmente, seria mais do que o suficiente para mandar o sujeito para a cadeia. Não há indícios, porém, de que ele tenha violentado Alice.

Sempre se acreditou que, quando ele deixou de frequentar a casa dos Liddell subitamente, em 1863, foi porque os pais de Alice haviam resolvido dar um basta naquele relacionamento inapropriado. Mas documentos descobertos pela biógrafa Karoline Leach mostram que Carroll talvez fosse tão simpático com Alice e suas irmãs porque estava interessado mesmo era na governanta da casa.

Já adulta, Alice soube usar a fama da personagem a seu favor. Mãe de 3 filhos e apertada de grana após a morte do marido rico, leiloou o valioso manuscrito de As Aventuras de Alice Embaixo da Terra (primeiro nome de Alice no País das Maravilhas). Ela já não mantinha contato com Lewis Carroll. O escritor anotou em seu diário que se lembraria dela pra sempre “como aquela menininha de 7 anos completamente fascinante”.

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