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Oscar: quais os atores e cineastas já foram expulsos da Academia?

A organização do prêmio já suspendeu (e chutou) membros por vários motivos: protestos políticos, pirataria e assédio sexual. Entenda.

Por Eduardo Lima
28 fev 2025, 16h00

Os filmes premiados no Oscar são escolhidos por mais de 10 mil pessoas que trabalham na indústria do cinema e foram convidadas para compor a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, que existe desde 1927 e organiza um prêmio anual desde 1929.

Além do Oscar, a Academia também distribui prêmios pelo conjunto da obra e mantém um museu e uma biblioteca/cinemateca na Califórnia. É raríssimo alguém sair da organização por decisão própria (mas já aconteceu três vezes).

Também é raro que a Academia expulse alguém: foram cinco expulsões, todas elas depois de 2004. O que mudou nos últimos 20 anos para que a organização começasse a expulsar membros? A gente te explica.

Suspensão não é expulsão

O ano era 1993, e o ator Richard Gere – famoso por Gigolô Americano Uma Linda Mulher – foi convidado para apresentar a categoria de Melhor Direção de Arte (que hoje, é chamada de Melhor Design de Produção). Antes de anunciar os indicados, ele falou sobre o quão impressionante era estar em um evento sendo transmitido para o mundo todo, e que a primeira coisa que pensou foi se Deng Xiaoping estava assistindo.

Xiaoping foi o líder da China entre 1978 e 1992 (ou seja, já tinha saído do poder na época do Oscar), e trabalhou na abertura da economia chinesa após a morte de Mao Tsé-Tung. Gere discursou contra a ocupação militar da China na região do Tibete, chamou atenção para as violações de direitos humanos na região e pediu para que Xiaoping retirasse as tropas chinesas de lá (que, na época, estavam sob o comando de Jiang Zemin).

A plateia aplaudiu Gere, mas a direção do Oscar não gostou. Ele foi banido de apresentar prêmios por 20 anos, mas continuou sendo convidado e fazendo parte da Academia. Uma suspensão leve.

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Quem não pegou tão leve foi o governo chinês, que baniu Gere de entrar no país por causa de seu ativismo de muitos anos a favor do Tibete. Em 2017, ele afirmou que acredita que não é mais chamado para trabalhar em tantos blockbusters porque sua presença seria ruim para a audiência chinesa (hoje o segundo maior mercado cinematográfico do mundo).

Uma suspensão um pouco mais grave foi a de Will Smith. Em 2022, ele deu um tapa no apresentador Chris Rock depois de uma piada feita com sua esposa, Jada Pinkett Smith. Na mesma noite, ele ganhou o prêmio de Melhor Ator e pediu desculpas à Academia e aos outros indicados em seu discurso (sem pedido de desculpas para quem levou o tapa).

Depois do incidente, a Academia baniu Smith de comparecer ao Oscar e a outros eventos organizados por ela durante 10 anos. Antes disso, Smith já havia anunciado sua decisão de renunciar à sua posição na organização. Isso significa que ele não pode mais participar do processo de votação do Oscar, mas ainda pode ser indicado ao prêmio.

Os nomes de Gere e Smith sempre aparecem em discussões sobre expulsos da Academia. Mas, como vimos, não foi exatamente o que aconteceu com eles.

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Só outras duas pessoas renunciaram à Academia na história da organização, e ambas no mesmo ano de Smith. O engenheiro de som Tom Fleischman (vencedor do Oscar em 2011) e o sonoplasta Peter Kurland (indicado ao Oscar em 2014) renunciaram depois do anúncio que os prêmios técnicos seriam entregues antes da premiação televisionada. No Oscar seguinte, em 2023, a Academia voltou atrás e apresentou os prêmios técnicos – como Melhor Som e Melhor Edição – durante o espetáculo televisivo.

(O Oscar sempre é longo, mas cortar os prêmios da cerimônia de 2022 não ajudou: ela demorou 3h40, a maior duração desde 2018.)

Expulsos da Academia

Para votar no Oscar, os membros da Academia recebem cópias de todos os filmes indicados. Em 2004, vários dos nomeados, como O Último Samurai e Alguém Tem que Ceder, apareceram na internet de forma ilegal. Uma marca d’água nos vídeos revelou que aquelas eram cópias da Academia, e uma investigação do FBI descobriu o culpado pela pirataria: o ator Carmine Caridi.

Caridi, que teve papéis pequenos em O Poderoso Chefão Parte II Parte III, foi a primeira pessoa a ser expulsa da Academia, depois de vazar filmes por quase três anos. A próxima expulsão só aconteceria 14 anos depois, e seria o gatilho de uma grande mudança nos prêmios.

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Harvey Weinstein, vencedor do Oscar por ter produzido Shakespeare Apaixonado, era um dos maiores nomes de Hollywood até 2017, quando ele foi acusado por várias mulheres de assédio sexual e estupro. No total, mais de 80 mulheres fizeram denúncias contra Weinstein, ajudando a popularizar a hashtag #MeToo, usada nas redes sociais para contar histórias de abuso e denunciar figuras poderosas.

Weinstein foi expulso da Academia em 2017 e abriu a porta para outras três expulsões por crimes sexuais. Hoje em dia, ele está preso por estupro. Na cerimônia de 2018, vários indicados foram vistos com broches em referência ao movimento “Time’s Up”, uma iniciativa contra o assédio sexual na indústria cinematográfica.

Em 2018, o comediante Bill Cosby foi expulso depois de várias acusações de abuso e uma condenação por ter drogado e assediado sexualmente a jogadora de basquete Andrea Constand. A Suprema Corte da Pensilvânia anulou a sentença em 2021, e depois disso Cosby saiu da cadeia.

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A outra expulsão de 2018 foi de Roman Polanski, o diretor de cinema francês que ganhou um Oscar de Melhor Direção por O Pianista. Em 1977, num acordo judicial para fugir de uma pena maior, ele se declarou culpado por abuso sexual de menor de idade, depois de ser preso por drogar e estuprar uma garota de 13 anos. Para fugir da prisão nos Estados Unidos, onde ele cometeu o crime, ele fugiu para a França, onde continuou sua carreira de cinema.

Mesmo décadas depois de se tornar um fugitivo do Judiciário dos Estados Unidos, Polanski ganhou seu primeiro Oscar, mesmo sem poder ir aos Estados Unidos, sob risco de ser preso. Seu nome foi aplaudido de pé por vários dos presentes, e seus crimes só foram ser lembrados depois do #MeToo.

Em 2021, o diretor de fotografia Adam Kimmel foi expulso da Academia por ser um agressor sexual registrado. Ele já tinha sido preso duas vezes por abuso de menores, em 2003 e 2010, mas a informação ficou encoberta na indústria até 2020, quando a revista Variety publicou uma matéria sobre o assunto. Por enquanto, Kimmel foi a última pessoa a ser expulsa da Academia.

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