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O que os atores de Oppenheimer pensam sobre Inteligência Artificial

Em entrevista, Cillian Murphy e Emily Blunt são questionados sobre tecnologias potencialmente destrutivas para a humanidade. As respostas coincidem com a greve dos atores de Hollywood.

Por Maria Clara Rossini
25 jul 2023, 15h19

8 de julho de 2023. Os atores de Oppenheimer se reuniam no hotel Four Seasons, em Nova York, para promover o filme e dar entrevistas a dezenas de jornalistas internacionais. Foi sorte dos repórteres. O evento aconteceu menos de uma semana antes da greve do Sindicato de Atores de Hollywood (Screen Actors Guild, ou SAG). Os artistas reivindicam melhores salários e condições de trabalho, além de contratos que regulem o uso de inteligência artificial (IA) nas produções.

O sindicato se juntou a uma greve que já rola desde o dia 2 de maio, dos roteiristas de filmes e séries. O motivo é semelhante: além da regulamentação no uso de IA, os escritores exigem melhores condições principalmente nas produções para o streaming. Juntas, essas greves se tornaram uma das maiores paralisações da história de Hollywood.

Alguns dias antes da greve, os atores do novo filme de Christopher Nolan expressaram seus receios em relação ao uso de inteligência artificial. Emily Blunt, que interpreta Kitty Oppenheimer, foi a primeira. Vestida com um conjunto de saia e casaco de tweed cor-de-rosa, ela recebe a pergunta de uma jornalista mexicana:

“Nós sabemos que os humanos são capazes de criar invenções incríveis, mas às vezes não fazemos por medo de que elas sejam usadas para coisas ruins. Você acha que existem avanços tecnológicos que parecem inocentes hoje, mas podem ser usados…”

“IA”. Emily anuncia a sigla com convicção antes que a jornalista terminasse de falar. “É assustador. Faz parte do instinto humano ir atrás de conquistas e novas coisas para criar”, diz a atriz. “O dilema ético é se nós devemos necessariamente usar tudo que a gente é capaz de criar. Isso realmente é um avanço?”

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O receio dos atores é fundamentado. Em entrevista ao site The Verge, o porta-voz do SAG revela que os estúdios fizeram uma proposta de escanear o rosto de figurantes e, com ajuda de IA, usá-los em produções futuras. Isso tornaria os estúdios “donos” da imagem do ator. Esse é mais um dos motivos que justifica a greve.

Em seguida, foi a vez de Cillian Murphy. O astro de Peaky Blinders interpreta o próprio J. Robert Oppenheimer. A jornalista repetiu a pergunta, e a resposta seguiu pelo mesmo caminho:

“Eu tenho lido sobre as grandes invenções, tipo linguagem e fogo. E você pode colocar a fissão atômica nesse rol também” diz Cillian. “E agora as pessoas dizem que IA está junto dessas três. Eu não sei, ninguém sabe, é cedo para dizer”.

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O Sindicato de Atores de Hollywood representa 160 mil pessoas – incluindo os astros de Oppenheimer. Quando a greve dos atores começou, no dia 13 de julho, os astros estavam em uma premiére do filme em Londres. O elenco voltou para os Estados Unidos mais cedo do que o esperado, para participar das manifestações que acontecem em Los Angeles.

Christopher Nolan, que faz parte do sindicato dos roteiristas, diz que não trabalhará em nenhum outro filme até que as demandas da greve sejam resolvidas.

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