Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
Semana do Cliente: Revista em casa por 9,90

Livro da Semana: “Na Fissura”, de Johann Hari

A maior e mais detalhada reportagem já escrita sobre o resultado pífio da guerra às drogas no século 20 – e sobre o que a legalização da maconha no Uruguai ou as clínicas de heroína na Suíça têm a ensinar se quisermos evitar novos erros.

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 21 jul 2021, 15h44 - Publicado em 21 jul 2021, 14h31

“Na fissura: Uma história do fracasso no combate às drogas” | Clique aqui para comprar

Já foi possível comprar cocaína na farmácia. Na virada do século 19 para o 20, o extrato das folhas de coca vinha misturado com cafeína extraída das sementes de plantas africanas do gênero Cola em um tônico de uso terapêutico. Coca-Cola.

Ela era uma de muitas receitas de soft drinks que se popularizam na época. Os médicos teciam loas aos efeitos benéficos da água com gás. Engenhocas em diversos estabelecimentos misturavam o líquido com bolhas de gás carbônico a xaropes adocicados. Essas foram as avós das máquinas de refrigerante utilizadas hoje em redes de fast food.

O farmacêutico John S. Pemberton (1831–1888) bolou a receita da Coca-Cola e começou a vendê-la em Atlanta, nos EUA, como um remédio barato para doenças brandas e também como um tratamento para militares veteranos viciados em analgésicos opioides – que tinham crises de abstinência horríveis após voltarem dos campos de batalha da Guerra Civil Americana. 

Na época, enquanto os soft drinks se tornavam um fenômeno comercial, o álcool caminhava rumo ao posto de inimigo público e locais chamados bares de temperança iguais aos bares comuns em tudo, mas sem uma única bebida alcoólica à venda – se popularizaram. Esse movimento culminaria com a Lei Seca de 1918 (seguida, naturalmente, pelo surgimento de uma enorme rede ilegal de fabricação e tráfico de álcool de baixíssima qualidade).

Continua após a publicidade

O que torna uma droga ilegal? Por que drogas diferentes, em épocas diferentes, eram aceitas ou não por grupos diferentes? Nativos americanos provavelmente mascam folhas de coca desde a chegada do Homo sapiens ao continente; evidências arqueológicas de 8 mil anos já mostram o consumo da planta nos Andes.

Já faz décadas que governos, polícias e exércitos de todo o mundo gastam montanhas de dinheiro público no combate violento ao tráfico. É um processo infrutífero, que mata inocentes a rodo, potencializa a degradação das periferias de cidades, alimenta o preconceito racial e perpetua a desconfiança da população mais pobre nas autoridades.

Tantos efeitos colaterais não vêm acompanhados de remédio algum: apesar do rastro de sangue, os governos sequer fazem cócegas nas enormes redes de fabricação e distribuição de drogas. Enquanto isso, os viciados são tratados como párias e padecem à abstinência forçada e outras soluções medievais – mesmo que políticas públicas realmente eficazes em ajudar dependentes químicos sejam conhecidas e bem descritas na literatura especializada.

Continua após a publicidade

O que realmente leva o viciado a se viciar? O consumo de uma droga, por si só, raramente é suficiente para instaurar e preservar a dependência (ainda que, é claro, um de seus pilares seja a complexa química do sistema de recompensas do cérebro humano).

Há evidências abundantes de que pobreza, empregos desetimulantes, solidão e incapacidade de manter vínculos sociais são catalisadores de vícios, e que pessoas supostamente escravizadas por moléculas na verdade as deixam para trás com naturalidade quando ganham novas vidas e laços.

No livro Na Fissura, o jornalista escocês Johann Hari viaja o mundo para entender as origens e os erros da guerra às drogas, destrincha a biografia de seus principais personagens e esclarece os erros e preconceitos que alimentam o tráfico e os vícios em vez de tratá-los.

Continua após a publicidade

No Uruguai, vê de perto os efeitos benéficos da legalização da maconha e conversa com o presidente Pepe Mujica. Na Suíça, narra a implantação e os resultados de um programa em que o próprio Estado fornece a heroína aos viciados – até que eles, com suas vidas reconstruídas, abandonem a droga naturalmente. Nos EUA, explora arquivos em busca das origens da guerra às drogas durante a Primeira Guerra Mundial.

O resultado é maior e mais detalhada reportagem já escrita sobre os inúmeros fracassos do combate aos vícios no século 20 – e um manifesto corajoso sobre o que precisamos fazer para avançar no século 21. 

Publicidade

Enquanto você lê isso, o [b] mundo muda [/b] — e quem tem [b] Superinteressante Digital [/b] sai na frente. Tenha [b] acesso imediato [/b] a ciência, tecnologia, comportamento e curiosidades que vão turbinar sua mente e te deixar sempre atualizado

Enquanto você lê isso, o [b] mundo muda [/b] — e quem tem [b] Superinteressante Digital [/b] sai na frente. Tenha [b] acesso imediato [/b] a ciência, tecnologia, comportamento e curiosidades que vão turbinar sua mente e te deixar sempre atualizado

OFERTA RELÂMPAGO

Digital Completo

Enquanto você lê isso, o mundo muda — e quem tem Superinteressante Digital sai na frente. Tenha acesso imediato a ciência, tecnologia, comportamento e curiosidades que vão turbinar sua mente e te deixar sempre atualizado
De: R$ 16,90/mês Apenas R$ 1,99/mês
ECONOMIZE ATÉ 63% OFF

Revista em Casa + Digital Completo

Superinteressante todo mês na sua casa, além de todos os benefícios do plano Digital Completo
De: R$ 26,90/mês
A partir de R$ 9,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$1,99/mês.