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“La La Land” vai ganhar muitos e muitos prêmios – merecidamente

Com bom roteiro e ótimas músicas, ele vai levar ainda mais estatuetas

Por Felipe Germano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 23 out 2020, 19h58 - Publicado em 11 jan 2017, 21h08

O prêmio de “Melhor Musical” não existe no Oscar desde 1984. A razão é simples: a Academia começou a sentir que estava forçando a barra para escolher um vencedor, já que a produção de musicais não era tão boa assim – um filme um pouquinho melhor levava uma estatueta, e mesmo uns abaixo da média acabavam indicados. Desde então a regra mudou: a categoria pode até voltar a existir; caso a Academia decida que, naquele ano especial, musicais muito bons pipocaram nas salas de cinema. Não é o caso de 2017. La La Land aparece isolado entre os musicais do ano, acompanhado só talvez de Moana (que por ter mais de 5 músicas originais cantadas pelo elenco em partes cruciais da história, já se tornaria elegível). Seria uma vitória fácil para o filme estrelado por Ryan Gosling e Emma Stone, um prêmio garantido. Mas não tem problema: o que não vão faltar são troféus.

Se você está acompanhando as premiações de cinema deste ano, já deve ter percebido a força de La La Land. O filme, que conta a história de dois desconhecidos tentando ganhar a vida em Los Angeles, ainda nem rodou o mundo todo e já recebeu 180 indicações a prêmios cinematográficos. O filme já faturou 112 premiações e outros tantos, como o Bafta –em que o filme tem 11 indicações –, ainda nem aconteceram.  Não só parece muito, como é. La La Land faturou 7 Globos de Ouro. Quebrou recorde. “Ah, mas essas premiações não são sempre justas”, você pode estar pensando. A afirmação está mais do que certa. O Oscar que Gwyneth Paltrow ganhou em cima de Fernanda Montenegro está aí para esfregar na cara de quem discordar. Mas o ponto é que, em La La Land, os prêmios vencidos são nada menos que justos.

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Isso acontece, principalmente, porque a execução é primorosa. A ideia de fazer um musical não é das mais fáceis: você tem que compor as músicas, precisa que tanto a letra quanto a música sejam boas, que sejam atores cantando, que a atuação deles convença, e, o mais difícil, que tudo isso se encaixe de forma natural com o roteiro do longa. La La Land cumpre todos esses requisitos. As músicas são essenciais, e estão ali de maneira orgânica, para incorporar a trama – nunca apenas como uma desculpa para começar a tocar alguns acordes. Uma quer transmitir a sensação de estar apaixonado, a outra de como é difícil procurar emprego, uma terceira, sem uma palavra sequer, conta a história de uma relação inteira. Tudo se complementando com as ótimas atuações dos protagonistas.

Se isso não bastasse, o longa ainda toca nos temas que mais rendem prêmios na narcisista indústria cinematográfica americana: EUA e cinema. Foi por se dedicar ao primeiro deles que Lincoln foi indicado a 12 Oscars; foi por causa do segundo que O Artista levou seis estatuetas para casa. E foi por causa desses dois temas que Birdman garantiu a estatueta de melhor filme.

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Mas o ponto alto do filme é o roteiro – que começa ruim. Apesar do exagerado número de abertura ser o pior do filme, e de alguns momentos travados no texto (como o discutível fato de colocar um homem branco na posição de salvador do jazz). La La Land vai ganhando força conforme passa. O filme, que é dividido em quatro capítulos internos, acumula mais complexidade a cada fase encerrada. Novas camadas vão se formando e os clichês que davam a dica de um final óbvio são esquecidos. Com um final corajoso, o longa ganha, na última cena, a prova de que o caminho mais fácil nem sempre é o melhor, quando se fala de cinema.

La La Land é como uma boa música. Emociona, te traz algo novo, e serve de trilha sonora não só para si, mas também para momentos da vida do espectador. Se forem precisos prêmios para estimular que mais filmes assim sejam feitos, que venham muitos.

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