Fãs restauraram primeiro “Star Wars” para dar adeus a todas as mudanças feitas por George Lucas
Na versão sem alterações de "Star Wars: Episódio IV - Uma Nova Esperança" os fãs passaram a borracha no CGI, a cena computadorizada de Jabba desapareceu e Han Solo definitivamente atira primeiro
Nada de Jar Jar Binks, Ewoks ou do Anakin de Hayden Christensen. De todo o universo Star Wars, o posto de figura mais controversa é provavelmente ocupado por seu criador, George Lucas. Grande parte da animosidade começou antes do lançamento dos divisores Episódios I, II e III. O cineasta sempre teve um probleminha para dar conta de considerar os filmes da saga uma obra acabada: desde a década de 1970, Lucas sempre aproveitou os relançamentos dos longas para fazer pequenas alterações nos filmes. Mas a mais polêmica decisão veio em 1997.
Para celebrar o aniversário de 20 anos do lançamento de Star Wars: Episódio IV – Uma Nova Esperança, a Lucasfilm relançou naquele ano a trilogia original nos cinemas. Ou, melhor dizendo, quase original. Quando chegou finalmente o antecipadíssimo dia de conferir novamente os longas na telona, até os fãs pouco atentos notaram alterações bem significativas nos filmes. Além de mudanças bem-vindas para a edição comemorativa (como mixagem de som aprimorada e pequenas melhorias nos efeitos visuais), Lucas tomou a polêmica decisão de adicionar aos filmes uma grande quantidade de CGI (imagens geradas por computador), incluir cenas inteiramente novas, substituir diálogos e alterar cenas originais – atire o primeiro blaster quem nunca ouviu um fã defender que, no conflito entre Greedo e o mais famoso contrabandista espacial na cantina Mos Eisley, foi Han Solo quem atirou primeiro. Não parou por aí: em 2004 e em 2011, com o lançamento dos boxes completos em DVD e Blu-Ray, respectivamente, mais mudanças foram feitas e as versões originais dos longas não foram incluídas no lançamento (e são bem difíceis de encontrar por aí, já que a única versão lançada oficialmente em DVD, em 2006, tinha áudio e compressão de vídeo em baixa qualidade).
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É por isso que grupos de fãs vem se dedicando à restauração não-oficial do longa original. Enquanto iniciativas anteriores usaram de múltiplas fontes para criação de uma versão “desespecial” da trilogia original, na mais recente empreitada, um grupo de fãs anônimos intitulado Team Negative1 afirma ter usado uma versão original da cópia do Episódio 3 em 35mm, sem a benção do criador – ou direitos autorais, claro. Segundo um dos misteriosos integrantes do grupo, que se identificou como Mr. Black em entrevista ao portal Movie Mezzanine, a cobiçada e raríssima cópia foi adquirida no eBay. Sério. Depois, fizeram uma segunda descoberta de uma outra cópia, desbotada e levemente descolorida, na Espanha. Os dois negativos (que nem deveriam existir, já que oficialmente são destruídos após a exibição) foram usados para a restauração.
Abaixo, você pode ver dois vídeos que mostram a condição do filme antes e após o trabalho do time de fãs:
Ao todo, foram mais de quatro anos de trabalho, entre digitalização das cópias, correção de cor e tratamento quadro a quadro. Longe de querer “melhorar” a cópia que têm em mãos, o objetivo do grupo era preservar ao máximo a experiência de assistir ao filme em 1977. O trabalho árduo tem dedicação calcada também na crença que a existência das versões não-alteradas são importantes para memória do cinema e preservação de sua história (um argumento bem sensato, vá lá). Mas, já que não é exatamente legal distribuir essa versão filme (intitulada The Silver Screen Edition), para assisti-lo você vai ter que fazer sua própria busca – acredite, ele está por aí na internet, em toda sua glória original. Boa busca (e bom filme)!
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