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Como funciona o mercado negro da arte?

Roubos fáceis, compra garantida e fiscalização frouxa movem o 3º maior mercado ilegal do mundo

Por Eduardo Cosomano
Atualizado em 31 out 2016, 19h03 - Publicado em 22 set 2010, 22h00

O que é arte? Seja o que for, interessa a muita gente: o catálogo da Interpol soma mais de 34 mil obras roubadas em todo o planeta. Quase todas surrupiadas de maneira simples e eficiente: se a média prevalecer, apenas 10% serão recuperados. É o 3º maior mercado ilegal do mundo, atrás apenas de drogas e armas.

O trabalho harmônico entre alarmes, câmeras, sensores de aproximação e seguranças evitariam ou, no mínimo, reduziriam boa parte dessas ocorrências, mas nem todo museu tem toda essa infraestrutura à disposição. “É mais fácil roubar um museu do que um banco”, afirma Art Hostage, pseudônimo do autor de um blog focado em crimes com obras de arte, que se identifica como um ex-negociador clandestino reabilitado. “Sem falar na punição leve: US$ 1 milhão em cocaína dão um pena muito maior do que US$ 1 milhão em quadros. Isso incentiva o roubo.”

Mas o furto é apenas a primeira etapa de uma grande cadeia. Segundo o relatório Stealing History: The Illicit Trade in Cultural Material (“Roubando História: O Mercado Ilegal na Cultura”, sem edição brasileira), obras de arte e antiguidades roubadas são utilizadas para lavagem de dinheiro. Para completar, o esquema ainda conta com a colaboração de leis frouxas em alguns países (ver quadro Beleza Roubada, à direita).

Beleza roubada
Saiba como funciona o esquema que sustenta o tráfico internacional de arte
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ROUBO
O esquema é simples, nada de Hollywood.

EMBAIXO DO BRAÇO
Às vezes basta pegar e levar. Em 1998, um homem entrou na sala 67 do Museu do Louvre na hora do almoço, com o museu lotado, pegou uma tela de Corot e se mandou. O ladrão e a obra jamais foram encontrados.

MÃOS AO ALTO
É a modalidade mais comum. É fácil dois homens armados renderem um segurança – que, em muitos museus é instruído a não intervir, para não colocar em risco a obra valiosa.

PELA JANELA
Sim, acontece. Em 1994, ladrões usaram uma escada que acharam próximo a um museu norueguês para entrar pela janela e levar uma das 4 versões de O Grito. Deixaram um bilhete: “Obrigado pela falta de segurança”.

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RECEPÇÃO
Geralmente, roubo de arte é encomendado.

TRÁFICO
Obras de arte e antiguidades são um excelente investimento para traficantes de drogas e outros criminosos. Elas podem servir para legalizar uma fortuna obtida ilegalmente ou como propina de luxo.

LAVANDO DINHEIRO
Funciona assim: primeiro, o traficante usa o dinheiro ganho com drogas para encomendar o roubo de uma obra valiosa. Aí, é só colocar a obra em um leilão amigo e o dinheiro volta limpinho.

MOEDA DE TROCA
Também há relatos de traficantes que mantêm coleções particulares como precaução: quando estão a perigo, usam quadros, esculturas e antiguidades como mimos para policiais corruptos.

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COLECIONADOR
Em outros casos, o roubo é encomendado por colecionadores de arte, gente com bom gosto e sem escrúpulos que não se importa de ter obras roubadas em casa. Seus acervos não são públicos, mas estão abertos a quem consentir em ficar calado.

SEQUESTRO
Como diz o ditado, quem brinca com fogo acaba se queimando: há relatos de colecionadores que encomendam roubos e acabam sendo roubados – ou melhor, têm suas obras roubadas sequestradas -, e aí não podem nem chamar a polícia.

DESTINO
Leis frouxas garantem um mercado intenso.

POLÍCIA
A Interpol admite: 9 em cada 10 obras recuperadas voltam aos donos porque reapareceram no mercado formal, em galerias e até museus.

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LA GARANTIA NO IO
Na Itália, comerciantes credenciados podem, por lei, sempre alegar que desconheciam que a obra era roubada.

 

Fontes O Grito Roubado, de Edward Dolnick; Vívian Diniz, coordenadora geral de bens móveis e integrados do Iphan; José Ricardo Botelho, coordenador geral da Interpol no Brasil.

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