As oito dicas do escritor Kurt Vonnegut para criar uma boa história
Comece perto do fim. Não crie suspense. Seja sádico. Confira a lista de conselhos do autor de "Cama de Gato" e "Matadouro Cinco".
Todos os escritores têm algo em comum, seja qual for o gênero com o qual trabalham (romance, crônica, conto etc.): eles adoram guias de escrita.
Manuais são bons por duas razões. A primeira, claro, é aprender com escritores veteranos, ver o que eles tem a ensinar. A segunda é que lê-los ajuda a procrastinar quando se está com medo de encarar a tela em branco (outra coisa que muitos escritores têm em comum).
Brincadeiras à parte, aprender a como escrever bem não serve apenas para autores de ficção. Os conselhos mais abrangentes desses guias ajudam a redigir um bom relatório no trabalho, a tornar-se um leitor mais atento e até a fazer com que a galera do bar se prenda à história que você está contando.
Em 1999, o autor americano Kurt Vonnegut (1922-2007) publicou uma lista com oito dicas para se criar uma boa história. É uma lista sucinta (assim como o seu estilo de escrita), publicada em uma coletânea de contos chamada Bagombo Snuff Box, inédita no Brasil.
Na época da publicação, Vonnegut já tinha uma carreira consolidada. Veterano da Segunda Guerra Mundial, ele publicou livros que usam doses de fantasia, sci-fi e humor ácido para falar, sobretudo, de violência e conflitos armados. Dentre suas obras mais famosas estão Cama de Gato (1963), Matadouro Cinco (1969) e Café da Manhã dos Campeões (1973).
Para além da escrita, Vonnegut costumava enviar cartas e dar palestras a estudantes. Há, inclusive, uma coletânea de discursos de formatura feitos pelo escritor e publicada postumamente, em 2013.
A lista de dicas, então, é a síntese das duas paixões de Vonnegut: escrever e dar conselhos. Aí vai ela, com a nossa tradução:
1 – Você vai fazer um completo estranho gastar horas com a sua história. Faça com que ele ou ela não sintam que foi uma perda de tempo.
2 – Dê ao leitor ao menos um personagem por quem ele possa torcer.
3 – Todo personagem deve querer alguma coisa, nem que seja apenas um copo d`água.
4 – Toda frase deve fazer ao menos uma de duas coisas: revelar mais sobre um personagem ou fazer a ação se desenrolar.
5 – Comece o mais próximo possível do final.
6 – Seja sádico. Não importa o quão doces e inocentes sejam os seus personagens principais, faça com que coisas terríveis aconteçam com eles – para que o leitor sinta do que eles são capazes.
7 – Escreva para agradar apenas uma pessoa. Não abra a janela e tente abraçar o mundo – os seus personagens vão pegar pneumonia.
8 – Dê aos seus leitores o máximo de informação possível, o mais rápido possível. Que se dane o suspense. Os leitores devem ter um entendimento tão completo (do que está acontecendo, onde e por quê) que eles poderiam terminar a história por si mesmos, mesmo que baratas comessem as últimas páginas.