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(Gijsbert Hanekroot/Getty Images/Montagem sobre reprodução)
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– (Steve Wood/Getty Images)
Glitter – ou glam rock , como alguns gostam de chamá-lo – não é um estilo musical. Músicos e bandas como David Bowie, Queen e Kiss têm algo em comum no aspecto sonoro: dão uma banana para a definição de estilo e tocam aquilo que acham divertido tocar. O que os coloca no mesmo balaio – o glitter – é a extravagância visual. Óculos gigantes, maquiagem, explosões no palco, a incorporação de personagens, o teatro, o balé.
É importante frisar que o glitter foi um fenômeno dos anos 1970: todo esse espetáculo flamejante vinha com uma alta carga de androginia, de dubiedade sexual. Embora não fossem glam de raiz, artistas como Mick Jagger, Rod Stewart e Lou Reed também se montavam, se pintavam e usavam adereços escandalosos nesse período.
O som do glitter vai do hard rock às baladas melosas, passando por soul, reggae, disco, funk e vaudeville.
No Brasil, são exemplos de músicos glitter a banda Secos & Molhados e o guitarrista Pepeu Gomes, na época dos discos Um Raio Laser e Masculino e Feminino .
Elton John nunca fez o tipo roqueirão. Até gravou alguns rocks, como “Crocodile Rock”, de 1972, e “Saturday Night’s Alright (for Fighting)”, do ano seguinte. Mas sua especialidade, claramente, é outra: as baladas românticas. Por isso, talvez, muitos fãs de rock rotulam o compositor de brega, de piegas. Isso não passa de preconceito: quase todas as bandas de rock têm suas baladas, e quase todas essas baladas não chegam aos pés da obra de Elton John. As letras eram sempre do parceiro Bernie Taupin: Elton recebia os versos e adicionava música. Entre 1970 e 1973, gravou seis álbuns, com faixas como “Your Song”, “Goodbye Yellow Brick Road”, “Tiny Dancer” e “Rocket Man”. E, se Elton está classificado aqui como glitter, é porque no início de carreira ele usava óculos gigantes – que mudavam a cada aparição – e fantasias dignas de destaque de escola de samba. Dos anos 1990 em diante, já não emplacou tantos sucessos. Em 2018, anunciou que se aposentaria dos palcos. Neste ano, a cinebiografia Rocket Man o colocou de volta sob os holofotes. Vejamos se o velho pianista vai aguentar ficar parado. (Bert Verhoeff / Anefo/Wikimedia Commons)
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O Kiss jamais escreveu uma música sobre algo de importância, apenas elegias ao rock’n’roll, histórias de sexo e descrições a respeito de como eles são bons. É uma obra voltada para adolescentes. E esses responderam entusiasticamente desde que “Rock and Roll All Nite” estourou, em 1975. Esquecemos de falar do principal? Claro, as maquiagens! O Kiss transformou um show de rock em um circo, criando personagens para seus músicos e efeitos como vômitos de sangue, cuspidas de fogo, guitarristas voadores e uma bateria no formato de um tanque de guerra. Em seus primeiros dez anos de existência, o rosto de cada um deles era um segredo mantido com extremo cuidado. Eles nunca apareciam sem máscaras. Tudo isso para que Paul Stanley (o da estrela), Gene Simmons (o linguarudo) e cia. faturassem o máximo possível de dólares. Fora os discos, a banda comercializou todo tipo de merchandising, de cruzeiros a histórias em quadrinhos (da Marvel), passando por jogos de fliperama e de console. Também criou seu próprio fã-clube, o Kiss Army. Onde será que eu consigo uma carteirinha? (Reprodução/Divulgação)
O Queen não se levava a sério. Metia um trecho operístico patético numa música, de resto, dramática – “Bohemian Rhapsody”, a obra-prima de Freddie Mercury. Batizava de Jazz um disco que não tinha nada de jazz. Alardeou por sete anos o boicote aos sintetizadores para, sem aviso prévio, abusar dos mesmos sintetizadores nas obras seguintes. Uma dessas brincadeiras do Queen custou-lhe o mercado americano. O videoclipe de “I Want to Break Free” (1984), em que os ingleses apareciam travestidos como donas de casa, foi banido da MTV. O moralismo dos Estados Unidos não entendeu patavina de uma inocente sátira da série inglesa Coronation Street. Musicalmente, porém, o Queen era muito sério. Freddie disputa seriamente o título de melhor vocalista do rock. Brian May era um guitarrista tão meticuloso que construiu a própria guitarra. No estúdio, a banda passava horas e horas lapidando as gravações – o que irritava seriamente os engenheiros de som. Com a morte de Freddie, em 1992, os membros remanescentes tentaram tocar o Queen com outros cantores. Não rolou direito. (Steve Jennings/Getty Images)
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David Bowie foi o homem que caiu na Terra. Não se sabe se ele veio da Lua ou de Marte, mas ele aterrissou arrasando em 1969 com “Space Oddity”, uma saga espacial que conta a história do Major Tom, um astronauta que morre no espaço. Bowie criou a canção após assistir ao filme 2001 – Uma Odisseia no Espaço (1968) e lançou dias antes da chegada à Lua da missão Apolo 11. Conseguiu o primeiro lugar na Inglaterra e Bowie não largou mais a parada cósmica. Em 1971, lançou a canção “Life on Mars?”, uma de suas preferidas, e, no ano seguinte, sua obra-prima, o álbum The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars. O disco e o documentário transformaram Bowie num superstar. Sua figura andrógina (na capa do disco de 1970 ele posava num divã usando vestido longo), magérrima, de cabelos ruivos, maquiagem e com botas plataforma se transformou no novo modelo para a juventude ligada no rock. De forma surpreendente, após o último show daquela turnê, ele demitiu a banda e matou o personagem Ziggy Stardust. Queria começar tudo de novo, razão pela qual ganhou o justificado apelido de camaleão do rock. Criou novos personagens (Aladdin Sane, 1973), adaptou o livro 1984, de George Orwell (Diamond Dogs, 1974), se bandeou para a música do outro lado do Atlântico (Young Americans, 1975) e mudou-se para Berlim. Na capital alemã, sob uma chuva de pó branco, lançou a trilogia Low, “Heroes” e Lodger, antecipando o sucesso da música eletrônica nos anos 1980. Em 1983, assumiu uma nova faceta, agora de terno claro e cabelos descoloridos, e sacudiu o planeta e invadiu as pistas ao lançar Let’s Dance, chegando a primeiro lugar de vendas em quase todo canto. Apesar de ter tido 11 dos 12 discos seguintes no top ten das paradas, as últimas três décadas de sua carreira foram de sons menos facilmente assimiláveis. Seu último álbum, Blackstar, foi lançado em 8 de janeiro de 2016. Dois dias depois, Bowie morreu de câncer no fígado. (Gijsbert Hanekroot/Getty Images)