Carta ao leitor da edição 482 da Super, de dezembro de 2025
Uma das minhas primeiras memórias de criança é o dia em que os meus irmãos mais novos nasceram. Ou melhor, o dia seguinte.
Eu e meu pai despertamos com o sol que entrava pela janela do quarto dele. Rapidinho saímos de casa, em Guarulhos, rumo à maternidade na Avenida Paulista. Uma viagem de distância intergaláctica quando se tem 2 anos e pouco. E depois disso também.
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No caminho, decidimos levar um presente para a minha mãe e os gêmeos. Não sei onde meu pai estava com a cabeça, mas eu fiquei encarregado da decisão. Compramos um pinguim de geladeira.
A história desse tipo de enfeite começou nos anos 1950. Antes dos modelos retos e em inox, as geladeiras tinham jeitão de móvel, com design mais robusto e colorido. Para evitar que as pessoas confundissem os seus refrigeradores com outros itens nas lojas, a fabricante Kelvinator começou a distribuir pinguins de cerâmica aos vendedores, para que eles os colocassem em cima dos aparelhos da empresa.
Uma forma de distinção que pegou: com o tempo, as pessoas começaram a pedir para levar também as estatuetas. Elas foram bastante populares até algumas décadas atrás. Hoje, nem tanto. Pertencem ao mesmo grupo do relógio de parede, da fruta de plástico e da capa de botijão em crochê.
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Como a Lei da Atração funciona na prática, longe dos clichês e perto da vida real.
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— Mariana Rios (@rios_mariana) November 14, 2025
Do alto da geladeira, os pinguins veem a vida passar no cômodo mais cheio de vida das casas brasileiras: a cozinha. Testemunham cafezinhos e almoços de domingo, mas também DRs e brigas de família. Tudo isso de forma discreta, com cara (ou seria bico?) de paisagem.
Em resumo: dariam ótimos fofoqueiros. E, neste mês, você vai entender que isso não é necessariamente algo ruim.
Na reportagem de capa, a Manuela Mourão nos convida a pôr de lado o preconceito contra a fofoca por um momento e analisá-la sob as lentes da psicologia evolucionista. Fuxicar tem seu lado ruim, claro – mas também nos dá munição para entender o mundo ao nosso redor, além de ajudar a regular o convívio social. Sem tricotar, talvez não tivéssemos chegado até aqui.
Vou colocar os ensinamentos da reportagem em prática e compartilhar duas fofocas do bem. A primeira é sobre a própria Manu: este é o seu último mês na Super antes de começar em um novo emprego bacana. Sentiremos saudade – mas conforta saber que você continuará produzindo ótimas matérias. Seguirei como um fiel leitor.
A segunda é sobre o pinguim que comprei 25 anos atrás. No momento em que escrevo este texto, ele saiu do armário de casa (já bem desbotado, coitado) e se encontra naquele mesmo hospital da Paulista. Desta vez, nas mãos da minha irmã, Fernanda, que deu à luz sua primeira filha, Alice, a quem dedico esta edição. O bom pinguim à casa torna.
Boas festas e até 2026, caro leitor. Fofoque com moderação.
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