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Pela primeira vez, metas divulgadas por países podem manter aquecimento global abaixo de 2°C

Os novos planos apresentados pela Índia na COP26 mudaram o jogo: o país pretende expandir sua base de energia limpa e atingir a neutralidade de carbono até 2070.

Por Salvador Nogueira
Atualizado em 4 nov 2021, 13h10 - Publicado em 3 nov 2021, 18h42
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  • Ilustração da COP26
     (Gustavo Magalhães/Superinteressante)

    Esta quarta-feira (3) viu uma boa notícia para quem acredita que a humanidade conseguirá reverter a situação climática em que se encontra: um estudo da Universidade de Melbourne, na Austrália, sugere que, se forem concretizados todos os compromissos já assumidos durante a COP26, a Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas, o mundo conseguirá limitar o aumento global de temperaturas a menos de 2° C, valor tido como limítrofe para impedir grandes catástrofes até o final do século.

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    A virada veio com planos apresentados pela Índia, o terceiro maior emissor de gases-estufa (atrás de China e EUA). A proposta envolve a expansão radical de sua base de energia limpa, principalmente solar. Anunciadas pelo primeiro-ministro Narendra Modi, as novas metas indianas envolvem ter metade de sua energia vinda de fontes renováveis e atingir a neutralidade de carbono (ou seja, um balanço preciso entre emissões e sorvedouros) até 2070.

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    Esses novos números, somados aos já apresentados pelo resto do mundo, levariam a temperatura a subir 1,9° C acima dos níveis pré-industriais. É a primeira vez que o mundo se vê numa trajetória capaz de conter a catástrofe climática prevista para mais de 2° C, pelos termos do Acordo de Paris. Mas isso não quer dizer que estejamos seguros, claro. Mais do que propor metas, é preciso executá-las. E não custa lembrar que esses acordos não prevêem punições para quem não cumprir o prometido. É basicamente um exercício internacional de consciência e boa-vontade.

    E a COP26 ambiciona mais, segundo seu presidente, Alok Sharma. De acordo com ele, o objetivo agora é buscar ainda mais compromissos dos países participantes, para que a meta de limitar o aquecimento a 1,5° C passe a estar ao alcance. Ele sugere que, embora as metas de longo prazo de neutralidade de carbono tenham evoluído bastante, ainda é preciso mais ambição no curto prazo, com cortes significativos de emissões até 2030.

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    Não será fácil. Para que o mundo tenha boa chance de não cruzar o limiar de 1,5° C, será preciso reduzir as emissões globais em 45% até 2030, comparadas aos níveis de 2010, sugere o autor do estudo Malte Meinshausen, climatologista da Universidade de Melbourne e membro do IPCC, o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática da ONU.

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    Cortes de combustíveis fósseis

    A partir do ano que vem, mais de 20 países e instituições financeiras devem interromper todo e qualquer novo financiamento de empreendimentos ligados a combustíveis fósseis no exterior e redirecionar esses recursos para energia limpa. Entre as nações mais ricas a bancarem o acordo estão os Estados Unidos e o Reino Unido.

    O acordo sendo desenhado na COP26 também envolve Dinamarca e alguns países em desenvolvimento, como a Costa Rica, além de instituições como o Banco Europeu de Investimento. A iniciativa prevê que os recursos que antes seriam empenhados em combustíveis fósseis passarão a fluir para iniciativas de energia limpa, somando cerca de US$ 8 bilhões por ano. É uma boa notícia, mas cheia de poréns.

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    China e Japão, dois grandes investidores globais em combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural), por ora ficaram de fora, numa boa ilustração de como é difícil costurar acordos multilaterais efetivos para conter a crise climática.

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    E os termos negociados não barram, por exemplo, o desenvolvimento de projetos nacionais de combustíveis fósseis dos signatários, nem interrompem ações em andamento, como o financiamento de um campo de gás em Moçambique, pelo Reino Unido.

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    Demissão brasileira

    Durante a COP26, o coordenador-executivo do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima, Oswaldo dos Santos Lucon, decidiu pedir demissão. Ele comunicou a solicitação de exoneração ao grupo que até então coordenava por um aplicativo de mensagens, na terça-feira (2).

    Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Lucon justificou sua saída: “O meu intuito ao assumir o fórum foi colocar o governo federal em contato com a sociedade civil, promover o diálogo de uma forma transparente, baseada na ciência e em reforço às nossas instituições. Não foi o que aconteceu. Então acho que outra pessoa pode eventualmente fazer esse serviço melhor do que eu.”

    O pesquisador não se aprofundou nas dificuldades que enfrentou, mas sua saída ecoa a enorme dificuldade que o governo brasileiro tem para fazer com que suas palavras e suas ações se encontrem no mesmo lugar, na área ambiental. Durante a COP26, o país já se comprometeu com um corte de 30% nas emissões de metano até 2030, além de zerar o desmatamento nessa mesma data.

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    Lucon permanece em Glasgow, já que participa da Cúpula do Clima como observador da ONU e membro do IPCC.

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