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Você subestima o quanto as pessoas gostam de conversar com você

Estudo comprova que a sensação de que nosso papo não está agradando é só isso: uma sensação. Seu desempenho no 1º encontro é melhor do que você imagina.

Por Ingrid Luisa
17 set 2018, 19h47

O ser humano é um ser social. Mas socializar não é algo fácil para boa parte da nossa espécie. Talvez isso já tenha acontecido com você: uma pessoa nova aparece e vocês estão conversando amigavelmente, mas, mesmo assim, você tem uma sensação de que está incomodando – ou que seu papo não é legal o bastante. Não adianta a pessoa sorrir e estar claramente a vontade com você: seu coração sente que ela não está curtindo a situação.

Foi pensando nisso que pesquisadores de Harvard desenvolveram um novo e interessante estudo. Publicado no periódico Psychological Science, a pesquisa avaliou as percepções das pessoas sobre o desempenho delas mesmas em um primeiro encontro. O que elas acham que o companheiro de conversa achou delas? Essa estimativa é realista?

Os resultados mostraram que a maioria das pessoas subestimam sua performance em uma primeira conversa, subestimando o quanto a outra pessoa gostou do papo ou até mesmo da companhia.

Os pesquisadores chamaram essa sensação negativa (que é normal, você não é estranho e nem o único a sentir isso) de liking gap. Ainda sem termo em português, ela se refere justamente ao ato de subestimar o quanto as pessoas gostam de nós quando as encontramos pela primeira vez. Geralmente, há uma discrepância entre o que nossa mente acha e o que de fato aconteceu. Isso porque conhecer pessoas novas pode gerar ansiedade ou até ser intimidador para muita gente.

Na pesquisa, os cientistas realizaram uma série de sessões em que duas pessoas estranhas se encontravam e conversavam pela primeira vez. Algumas conversas tinham tempo determinado, em outras, alguns tópicos pré-determinados deveriam ser discutidos. No geral, porém, os papos eram eram bem livres, como em um encontro casual. Depois disso, cada pessoa precisava classificar seu próprio desempenho e o do colega de conversa.

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As conclusões atestaram a existência do liking gap: a maioria dos participantes classificou seus parceiros de conversação como uma companhia mais agradável ​​e com um papo muito melhor do que eles mesmos. Isso aconteceu com todos, independente da personalidade, mas as pessoas tímidas tinham uma maior tendência a mostrarem esse comportamento.

Os psicólogos acreditam que isso vem muito de uma severa autocrítica de cada um. As pessoas são pessimistas como uma forma de defesa. Elas não querem admitir que os outros gostaram de sua companhia antes de ter certeza de que isso é realmente verdade.

Gus Cooney, autor principal da pesquisa, alega que há uma outra razão curiosa para isso acontecer. O pesquisador afirma que, em um primeiro encontro, as pessoas ficam tão preocupadas e focadas no seu próprio desempenho que se tornam incapazes de avaliar racionalmente como o outro está se sentindo durante a conversa. Na falta dessas informações, as pessoas acabam usando suas próprias opiniões. “Não sabemos o que as outras pessoas estão pensando, então basicamente estamos projetando o que nós pensamos sobre o nosso desempenho e presumindo que é o que o outro pensa de nós”.

O que se pode tirar de tudo isso é que aproveitar a conversa, sem esquentar muito a cabeça, é a melhor opção. É um fato, nós nunca teremos uma segunda chance de causar uma primeira impressão. Mas, como mostra a pesquisa, provavelmente você não precisará de uma. 

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